Fatshimetria
No atormentado reino da República Democrática do Congo, uma crise humanitária silenciosa assola os campos de deslocados, exacerbada pelo conflito em curso que assola o leste do país. No centro desta turbulência, histórias de sobrevivência, desespero e esperança entrelaçam-se, destacando as pesadas consequências que a guerra tem na saúde mental dos civis.
Nelly Shukuru, uma mulher de 51 anos, partilhou o seu relato angustiante da sua luta pela sobrevivência no campo de deslocados. Arrancada de sua casa por combates incansáveis, ela enfrentou duras condições de vida, fome e desespero. Determinada a acabar com seu sofrimento, ela pensou em suicídio, mas só parou pela intervenção oportuna de um vizinho. Seu depoimento revela as profundas cicatrizes emocionais causadas pelo conflito que envenena a região.
Neste teatro da dor surge outra história comovente. Uma mulher não identificada, vítima de uma violação brutal, encontrou refúgio no campo de deslocados de Kanyaruchinya. Assombrada por pensamentos suicidas, ela compartilhou sua provação com uma sinceridade comovente. A sua história espelha muitas outras, marcadas por traumas indescritíveis infligidos pela guerra.
Os números demonstram a crescente angústia que assola os deslocados no leste do Congo. A Acção Contra a Fome relata um aumento significativo no número de pessoas que procuram apoio psicológico, com um aumento de mais de 200% no número de beneficiários de assistência social nos campos em redor de Goma. Os pensamentos suicidas também explodiram, de um punhado por mês para mais de 120, um indicador sombrio da escala dos danos infligidos pelo conflito.
Além dos números assustadores, estão os profissionais de saúde mental, como Innocent Ntamuheza, psicólogo da Action Against Hunger. Destaca a extensão do sofrimento psicológico que assola os deslocados, sublinhando a urgência e a necessidade crescente de uma intervenção adequada para evitar tragédias maiores.
No entanto, apesar dos esforços das organizações humanitárias, as necessidades de saúde mental continuam em grande parte não satisfeitas. Devido à falta de recursos suficientes, muitos sobreviventes do conflito encontram-se sozinhos enfrentando os seus demónios interiores, num ambiente já enfraquecido pela violência e pela pobreza.
Em conclusão, a escala da crise humanitária na República Democrática do Congo não pode ser ignorada. Para além da devastação física da guerra, existem cicatrizes invisíveis, tormentos psicológicos que destroem a própria estrutura da sociedade. Perante esta angústia emocional intransponível, é imperativo responder de forma adequada e urgente, a fim de oferecer um vislumbre de esperança na escuridão que assalta estas almas feridas.