Charles Onana, autor de origem franco-camaronesa, encontra-se atualmente em tribunal em Paris, acusado de contestar o genocídio no Ruanda em 1994. Na sua obra de 2019, Onana caracteriza a sugestão de que o governo ruandês da época alegadamente orquestrou um genocídio de “decepção”.
Acusado juntamente com o seu editor, Onana deseja esclarecer que o seu livro não nega o facto de ter ocorrido um genocídio nem de que os tutsis tenham sido o alvo.
Segundo a lei francesa, é considerado crime contestar ou “minimizar” um genocídio oficialmente reconhecido pela França.
O caso foi levado a tribunal pela Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH), pela Comunidade Ruandesa de França (CRF) e pela Liga dos Direitos Humanos (LDH). Os demandantes argumentam que o livro de Onana é revisionista e procura minimizar um crime contra a humanidade.
Esta não é a primeira vez que o trabalho de Onana sobre o genocídio no Ruanda suscita controvérsia. O seu livro escrito em 2002 intitulado “Os segredos do genocídio ruandês” provocou a ira do presidente ruandês Paul Kagame. O coautor de Onana, cidadão ruandês, foi condenado à prisão perpétua em Kigali por este livro.
Aproximadamente 800.000 tutsis e hutus moderados foram mortos durante o genocídio no Ruanda em 1994. Este período negro da história continua a suscitar debate e controvérsia, realçando a necessidade de tratar os trágicos acontecimentos que ocorreram com respeito e precisão. O papel dos meios de comunicação social, dos autores e dos editores na representação da história e da memória colectiva continua a ser essencial para a compreensão e preservação da verdade histórica.