Os protestos em curso na Guiné em 2022 reflectem uma sequência profunda de acontecimentos que estão a abalar o país e a causar sérias preocupações à população. O clima de incerteza prevalecente sublinha o clima persistente de tensão, apesar do contexto da transição política em curso.
Fodé Baldé, voz da oposição, lança um grito de alarme face aos misteriosos desaparecimentos de activistas políticos e à imprecisão em torno do calendário eleitoral, destacando assim as deficiências observadas em relação à carta de transição. Os compromissos assumidos em 5 de setembro de 2021 parecem muito longe de serem concretizados, especialmente no que diz respeito aos direitos humanos e à restauração da ordem constitucional.
Apesar das promessas feitas, a realidade parece longe das expectativas. Mamady Doumbouya, presidente da transição, anunciou em Outubro de 2022 que o poder seria transferido para um governo civil eleito até ao final de 2024, sujeito a discussões com a CEDEAO. A oposição, no entanto, mantém um olhar atento sobre estes desenvolvimentos e espera que o General Doumbouya não sucumba à tentação de se agarrar ao poder, consciente dos riscos que isso pode envolver, como a história tem frequentemente demonstrado.
Um dos pontos sensíveis na Guiné continua a ser a questão da insegurança. Embora as autoridades militares tenham negado relatos de tiroteios em Conacri em 27 de Setembro, chamando-os de rumores infundados, é inegável que o medo está a espalhar-se por todo o país. Uma atmosfera tensa reina em Conacri, com medidas de segurança reforçadas e a presença de novos tanques na entrada de Kaloum, sugerindo uma vontade de combater possíveis ameaças terroristas.
Durante a parada da independência da Guiné, em 2 de Outubro, apenas a força especial esteve presente, um sinal de uma situação tensa e de receios crescentes. A oposição denuncia também uma restrição crescente da liberdade de expressão e um aumento dos raptos, destacando assim os actuais desafios sociopolíticos e de segurança do país.
Neste contexto complexo e tenso, parece crucial permanecer vigilante e promover o diálogo para superar os obstáculos que se colocam no caminho da Guiné para uma transição pacífica e democrática. Os riscos são elevados e a comunidade internacional tem um papel fundamental a desempenhar no apoio ao povo guineense na sua busca pela estabilidade e pela democracia.