As Rotas da Seda: Uma Rede Comercial Multicultural no Coração da História Humana

As Rotas da Seda são frequentemente vistas como uma rota comercial única que liga a Europa e a Ásia, do século II aC ao século II aC. AC até o século XV DC O imaginário coletivo provavelmente evoca camelos atravessando vastas estepes carregados de seda e especiarias.

Contudo, os camelos, a seda e as especiarias representam apenas uma pequena parte desta vasta realidade. Uma nova grande exposição no Museu Britânico pretende desmistificar estes equívocos e iluminar as histórias por trás desta grande rede comercial.

Para ilustrar como as culturas estavam interligadas na Idade Média, a primeira exposição que recebe os visitantes apresenta uma estátua do Buda Viking. Esta pequena estátua de bronze, descoberta na ilha sueca de Helgo, a oeste de Estocolmo, foi provavelmente feita no Vale do Swat, hoje Paquistão. Ela deve ter viajado 5.000 km no final do século V dC e pode ter encontrado refúgio com um poderoso chefe viking.

A exposição intitulada “Rotas da Seda” sublinha que não se tratava de uma rota única, mas de uma vasta rede que se estendia da Ásia à África, passando pela Europa, do Japão à Irlanda, do Ártico a Madagáscar. É assim apresentada uma visão mais ampla e diversificada desta antiga rota comercial, destacando uma rede de rotas sobrepostas que ligam comunidades na Ásia, África e Europa em todas as direcções, por terra, rio e mar.

A exposição centra-se num período de apenas 500 anos, entre 500 DC e 1000 DC. Esta escolha exclui surpreendentemente Marco Polo que, pelo menos no Ocidente, está associado às viagens ao longo da Rota da Seda no século XIII. A exposição termina em 1000 d.C., porque nessa altura os exploradores vikings desembarcaram no continente norte-americano, abrindo toda uma nova rede comercial que se estende através do Atlântico.

Este período abrange a Dinastia Tang na China, o Califado Islâmico Rashidun, o Império Bizantino na Turquia moderna e além, e o Império Carolíngio na França. O museu conta esta história com objetos da sua própria coleção, bem como empréstimos de 29 credores internacionais, muitos dos quais nunca foram exibidos no Reino Unido antes.

Um dos objetos mais marcantes é um enorme afresco que outrora decorava o Salão dos Embaixadores em Afrasiab, na atual Samarcanda, no Uzbequistão. Foi uma obra de arte apreciada entre os sogdianos, uma cultura desconhecida hoje, mas que já foi um dos maiores comerciantes da Rota da Seda. O mural mostra figuras da Índia, Coreia e China durante um cortejo fúnebre do poderoso rei sogdiano Varkhuman..

Um dos aspectos mais fascinantes das Rotas da Seda é a intersecção de muitas das grandes religiões do mundo, incluindo o Budismo, o Islamismo, o Cristianismo e o Judaísmo. Apesar das diferenças religiosas, um interesse comum no comércio reforçou as interações, e a exposição Rotas da Seda mostra como estas culturas partilharam conhecimentos e aprenderam novas tecnologias e competências umas com as outras.

O enterro anglo-saxão em Sutton Hoo, no leste da Inglaterra, é um bom exemplo. Novas análises de uma joia do acervo permanente do museu revelaram a origem das pedras preciosas incrustadas na peça.

Concluindo, a exposição Rotas da Seda oferece aos visitantes uma viagem fascinante através de uma rede comercial complexa e diversificada que desempenhou um papel fundamental na história da humanidade. Estas rotas comerciais permitiram intercâmbios culturais, religiosos e comerciais que moldaram o mundo que conhecemos hoje. Uma imersão neste passado rico e variado permite-nos compreender melhor os fundamentos da nossa sociedade moderna e os laços que unem as pessoas através do tempo e do espaço.

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