Mísseis na Ucrânia: uma questão política importante

Na esfera da política internacional, a Ucrânia volta a ser manchete com o debate sobre a utilização de mísseis de longo alcance fornecidos pelo Ocidente em território russo. Esta questão, já amplamente divulgada, estará em breve no centro das discussões durante o encontro entre o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o seu homólogo americano Joe Biden, bem como provavelmente com os dois candidatos presidenciais americanos, à margem da Assembleia Geral dos Estados Unidos. Nações em Nova York.

A atenção internacional em torno da questão está a intensificar-se, à medida que os especialistas dizem que as tensões públicas aumentaram significativamente os riscos da decisão, potencialmente mudando o papel dos mísseis em questão, como o Storm Shadow/Scalps franco-britânico e os Sistemas de Mísseis Táticos do Exército (ATACMS). feitos nos EUA, neste conflito em expansão.

Há quase um ano, durante uma reunião presencial com Zelensky nos Estados Unidos, Biden decidiu fornecer ATACMS à Ucrânia. Se a notícia tinha vazado, a confirmação oficial veio um mês depois, quando Zelensky a mencionou num discurso televisionado enquanto validava o uso do ATACMS em ataques contra áreas ocupadas pelos russos.

Anteriormente, uma situação semelhante ocorreu com os britânicos Storm Shadows, confirmada pelo secretário da Defesa, Ben Wallace, uma vez que já estavam em serviço, com a promessa de não os utilizar em território russo.

Em Setembro, Zelensky adoptou uma estratégia mais ousada, desafiando abertamente os seus aliados, enquanto a Rússia fez ameaças abertas de guerra com a NATO se as restrições ao uso destes mísseis contra ela fossem levantadas, transformando assim esta questão numa questão política crucial, que poderia determinar o nível de apoio ocidental.

Zelensky recusa-se a deixar este assunto sair dos noticiários, criticando publicamente a hesitação dos seus aliados após um ataque russo que matou mais de 50 pessoas. Ele não hesita em acusar de covardia aqueles que não tomam decisões firmes e necessárias para impedir estes ataques.

Matthew Savill, diretor de ciência militar do Royal United Services Institute em Londres, disse que Zelensky está jogando um jogo arriscado de desafiar seus aliados, mas se tiver sucesso poderá demonstrar um forte apoio à Ucrânia e conter as provocações russas.

Quanto ao impacto real destes mísseis no campo de batalha, as opiniões estão divididas. Embora a discussão pública em torno das permissões de utilização possa ter reduzido a sua eficácia, elas continuam a ser potencialmente úteis para atingir aeronaves e mísseis russos antes que ameacem a infra-estrutura civil ucraniana.. No entanto, muitos especialistas acreditam que os alvos estratégicos mais importantes provavelmente foram transferidos para áreas mais profundas do território russo, limitando assim o impacto directo no conflito.

Apesar desta controvérsia pública, os mísseis ATACMS e Storm Shadows ainda podem desempenhar um papel significativo no ataque a quartéis-generais militares, depósitos de munições e bases aéreas. O debate sobre a utilização destas armas pode ter levado a Rússia a afastar os seus aviões da fronteira, reduzindo o número de missões de bombardeamento e dando à Ucrânia um tempo valioso para detectar e responder aos ataques.

Nestes tempos de agitação e tensão, as decisões tomadas pelos líderes políticos terão grandes repercussões não só no conflito em curso, mas também nas relações internacionais e na estabilidade regional. É crucial analisar e compreender os desafios destas escolhas estratégicas, que poderão moldar o futuro de toda uma região.

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