No contexto histórico da Etiópia, há cinquenta anos, ocorreu um acontecimento importante que marcou uma viragem decisiva na história do país africano: o golpe militar que derrubou o imperador Haile Selassie, figura emblemática do Império Etíope. A rebelião popular contra o sistema feudal existente levou à tomada militar, marcando o fim do reinado do “Rei dos Reis” e o advento de uma ditadura comunista sob a liderança de Mengistu Haile Mariam.
No centro desta convulsão política está o destino trágico do Imperador Haile Selassie, deposto do seu trono e preso no seu próprio palácio, antes de ser finalmente executado após dez meses de cativeiro. Este golpe não só alterou a vida do imperador, mas também teve repercussões na sua família, incluindo no seu neto, o príncipe Beedemariam Mekkonen, que esteve preso durante doze anos sob o regime de Derg.
O testemunho comovente do Príncipe Beedemariam Mekkonen leva-nos ao centro deste período tumultuado da história da Etiópia, onde o Terror Vermelho orquestrado pelo regime ditatorial semeou a morte e a repressão em todo o país. Apesar do seu cativeiro, o príncipe conseguiu construir amizades com outros detidos, incluindo revolucionários intelectuais, testemunhando assim a força e a resiliência do povo etíope face à opressão.
Hoje, enquanto a Etiópia supera os anos sombrios do domínio Derg e se esforça para preservar o seu rico património histórico, o Príncipe Beedemariam Mekkonen está empenhado na renovação do Wabe Shebelle Hotel, um símbolo da herança imperial, a fim de perpetuar a memória do povo etíope. Império e lembrar ao mundo a grandeza do seu passado.
Esta história cativante convida-nos a refletir sobre as vicissitudes da história, sobre a resiliência das pessoas face às adversidades e sobre a importância de preservar a memória coletiva para melhor compreender as questões do presente. A história da Etiópia, marcada por episódios trágicos, mas também por momentos de coragem e solidariedade, é um testemunho precioso da riqueza e da diversidade do património humano.
Ao revisitar este passado doloroso através do olhar do Príncipe Beedemariam Mekkonen, lembramos que a memória é um património precioso que nos liga à nossa história e nos orienta na construção de um futuro mais justo e humano.