Por trás do cativante pseudônimo de Jenny Paria está, na realidade, uma jovem artista congolesa com talento inegável. A sua ascensão meteórica no mundo do slam e do rap no Leste do Congo fez dele uma figura essencial na cena artística local. Através de suas palavras comprometidas e sinceras, Jenny Paria se consolidou como uma voz de sua comunidade, uma verdadeira artista consciente de seu papel na sociedade.
Numa entrevista recente à Fatshimétrie, Jenny Paria discutiu vários assuntos que vão desde a sua brilhante carreira até à preocupante situação de segurança no leste do país. Com uma abordagem artística antissistema, pan-africanista e decididamente revolucionária, faz um discurso franco e impactante sobre a realidade que o rodeia.
Quando questionada se ainda está em transe, Jenny Paria evoca o peso dos males que afligem o seu país e o seu continente, a irritação causada pela injustiça e a urgência de perder-se para melhor se encontrar. O seu transe é um grito de revolta, um impulso ininterrupto em direcção a um mundo melhor, onde a luta pela justiça e pela dignidade permaneça omnipresente.
O seu último single, “Trance”, gerou um entusiasmo considerável, acumulando milhares de visualizações no YouTube em tempo recorde. Porém, para Jenny Paria, a autenticidade de sua mensagem tem precedência sobre a quantidade de visualizações. O que lhe importa é que a sua arte ressoe no coração de quem a ouve, que desperte as consciências e estimule a reflexão.
Jenny Paria se define como a voz da raiva e o motivo do sorriso. Sua arte é consciente, engajada e ele aspira tocar as mentes e os corações daqueles que o seguem. Através de suas músicas, ele quer oferecer ao seu público uma experiência única, levando-o para o seu mundo de verdades cruas e poesia revolucionária.
Seu apelo vai além da música; ele encoraja seus colegas artistas a não cederem às sereias da facilidade, a não sacrificarem a profundidade de sua arte no altar do entretenimento efêmero. Para Jenny Paria, a música é uma forma de transmitir mensagens fortes, de provocar reflexão e de sensibilizar.
No centro da sua abordagem artística está uma identidade plural, simbolizada pelas diferentes facetas do seu nome. Nzego Grace Isaac, Nzekula Nzego Ngwa, Jenny Paria… Cada um destes nomes carrega dentro de si uma história, uma identidade, uma memória. Jenny Paria é a expressão de uma fusão entre a herança cultural do Norte de Ubangi e a força rebelde da juventude congolesa.
Em suma, Jenny Paria encarna a voz de toda uma geração, aquela que se recusa a calar-se face à injustiça, aquela que luta por um futuro melhor, aquela que acredita na capacidade da arte para mudar o mundo. E é com esta paixão e determinação que continua a inspirar, provocar e movimentar, um slam após o outro.