O Festival Internacional de Artes Cênicas de Ngoma ofereceu um evento excepcional em Kisangani, no coração do nordeste da República Democrática do Congo. Neste quarto dia de celebração artística, o palco foi tomado pela impactante arte do slam, cativando o público e destacando o talento e empenho dos jovens artistas de slam locais.
Num workshop denominado Bokundoli, que significa “ressurreição” em Lingala, vinte jovens slammers Kisanganeses tiveram a oportunidade de moldar os seus textos, nutrindo-os de emoções, histórias e mensagens profundas. Sob o inspirador tema “Jovem Líder”, estas artistas partilharam os seus versos apaixonados com o público, deixando uma marca indelével nas mentes presentes.
Augustus Monganga, um dos novos slammers, prestou magnífica homenagem a Elisabeth Sina, uma figura heróica da província de Tshopo. A sua comovente história sobre a coragem e a fé desta mulher, assassinada por se recusar a submeter-se às tradições arcaicas, ressoou nos corações dos espectadores. Através das suas palavras, Augusto recordou a importância de celebrar estas mulheres sombrias, cuja bravura merece ser homenageada e transmitida às gerações futuras.
O workshop de Bokundoli provou ser uma experiência transformadora para estas slammers, mergulhando-as na história e nas histórias muitas vezes esquecidas de mulheres notáveis. Ao aproveitar esta herança, encontraram uma fonte infinita de inspiração, combustível para a sua criatividade e o seu compromisso como artistas empenhados.
Ao mesmo tempo, o slam também tem sido visto como uma força motriz para a mudança social. Tanguy Star, um slammer do Burundi, brilhou no palco com o seu espetáculo “Revolution”, enviando fortes mensagens a favor da justiça, da igualdade de género e da preservação do ambiente. Com paixão sem limites, demonstrou como a arte pode ser um catalisador para a consciência, um apelo à ação para um mundo melhor.
Na verdade, o poder do slam reside na sua capacidade de tocar sensibilidades, de despertar consciências e de mobilizar energias para causas justas e essenciais. Cada verso recitado, cada gesto artístico realizado, abre uma janela para um universo de reflexão e emoção partilhada, convidando todos a questionar-se, a reagir e a contribuir para a transformação da sociedade.
Assim, através do festival Ngoma, o slam revela-se como um farol luminoso, guiando as mentes para um caminho de revelação e inspiração, carregado pela criatividade revigorante de jovens talentos apaixonados. Ao combinar arte e compromisso, estes slammers transformam palcos em espaços de resiliência e esperança, moldando um futuro onde as vozes dos oprimidos, dos esquecidos e dos visionários ressoarão pela eternidade. Que o Slam continue a ressoar como um grito de liberdade e um apelo à ação, transformando palavras em armas pacíficas e artistas em portadores de luz para o nosso mundo em busca de significado e justiça.