Prostituição forçada de mulheres deslocadas pela guerra em Beni: um grito de angústia na sombra da sobrevivência

**Prostitutas, sobrevivência e vulnerabilidade: o triste cotidiano das mulheres deslocadas pela guerra em Beni**

Na cidade devastada de Beni, na região instável do Kivu do Norte, um fenómeno angustiante desenrola-se diante dos nossos olhos: a prostituição como único meio de sobrevivência para muitas mulheres deslocadas pela guerra. Estas mulheres, muitas vezes jovens, por vezes até menores, vêem-se obrigadas a oferecer os seus serviços por uma ninharia, expondo a sua integridade física e mental aos perigos da noite.

Já a partir das 20h, estas mulheres reúnem-se na periferia da cidade, atraindo clientes que procuram um prazer passageiro. Pela modesta quantia de 5.000 francos congoleses, ou menos de 2 dólares, estas mulheres consentem num acto que ultrapassa os limites estritos da intimidade. Um preço negociável, mas um serviço com consequências muitas vezes inestimáveis.

O risco é omnipresente para estas mulheres vulneráveis, expostas aos males de uma sociedade que as considera marginalizadas. Vivem cada momento com medo da agressão, da exploração, obrigados a ceder a exigências que vão além da sua própria dignidade. Mas para muitas delas, este tortuoso caminho da prostituição é a única forma de satisfazer as necessidades da sua família, de enviar os seus filhos à escola, de garantir um tecto sob o qual encontrar refúgio.

Encontrando pessoas anónimas e estranhos pelas ruas escuras, estas mulheres deslocadas pela guerra em Beni encontram-se à mercê de múltiplos riscos, sem protecção ou assistência. A escassez de preservativos em determinados estabelecimentos expõe não só estas mulheres, mas também os seus clientes, a perigos de saúde insuspeitados. Uma negligência por parte das autoridades que agrava ainda mais a vulnerabilidade destas populações já frágeis.

Neste mundo sombrio e fatalista da prostituição, a falta de consideração social para com estas mulheres deslocadas é flagrante. A coordenação provincial do Programa Nacional contra a SIDA sublinha que a vulnerabilidade das pessoas deslocadas é uma das principais causas do flagelo da prostituição nas áreas urbanas do Kivu do Norte. Uma realidade amarga que só encontra eco no silêncio culpado de uma sociedade indiferente.

Perante esta realidade brutal, é imperativo sensibilizar, agir e apoiar estas mulheres deslocadas pela guerra em Beni. A sua dignidade, segurança e bem-estar são direitos fundamentais que não podem ser ignorados ou violados. É hora de lhes oferecer um novo caminho, longe das sombras da noite e dos horrores da prostituição, rumo a um futuro onde a sobrevivência já não rima com o auto-sacrifício.

Na turbulência do conflito e da deslocação, estas mulheres merecem um vislumbre de esperança, uma mão estendida para a resiliência e a reconstrução. As suas vozes, há muito abafadas pelos ecos da guerra e da pobreza, exigem justiça, compaixão e solidariedade. É nosso dever, como sociedade responsável, oferecer-lhes um lugar digno e um futuro cheio de possibilidades, onde a sobrevivência não será mais sinônimo de sofrimento, mas de renascimento.

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