O massacre de Kasika, ocorrido há 26 anos no território de Kasika, no Kivu do Sul, permanece gravado na memória colectiva como uma das tragédias mais sombrias da história da República Democrática do Congo. Esta recente comemoração, que assinala o triste aniversário deste doloroso acontecimento, acrescentou um novo toque de emoção e exigência a uma ferida ainda aberta.
No centro deste dia de comemoração não foi apenas a memória das mais de 800 vítimas deste massacre que foi homenageada, mas também o grito das famílias devastadas em busca de justiça que foi ouvido em voz alta. Sobreviventes e familiares das vítimas expressam profunda dor e ainda profunda frustração face à impunidade persistente que rodeia este acto abominável.
Blaise Bashilwango, presidente honorário da mutualidade Banyindu, fez um discurso comovente enfatizando a necessidade urgente de trazer à luz a verdade sobre esta tragédia. As questões essenciais permanecem sem resposta: porque é que estas pessoas foram mortas em Kasika? Quem são os autores e o que aconteceu com eles? Estas perguntas incómodas ressoam como um eco doloroso nas mentes atormentadas das famílias enlutadas.
A cerimônia de comemoração foi palco de emoção palpável, de dor que transcende o tempo para se materializar nas reclamações e demandas dos participantes. Esta é uma oportunidade para todos não deixarem que o silêncio cubra esta tragédia, para quebrar a amnésia colectiva e recordar a urgência da justiça e da reparação para as vítimas e suas famílias.
A mutualidade Banyindu levantou a sua voz para exigir a implementação da justiça transicional e a compensação para as vítimas, apelando à consciência colectiva e à acção legal decisiva para que a luz seja lançada sobre estas horas sombrias da história congolesa. Comemorar o massacre de Kasika não é apenas um dever de memória, é também um apelo à acção para que a justiça seja feita e a dignidade das vítimas seja finalmente respeitada.
Em conclusão, esta comemoração recorda-nos cruelmente que o dever de recordar não é apenas um exercício de memória, mas uma exigência de justiça e solidariedade para que acontecimentos trágicos como o de Kasika não se repitam mais. A história não deve ser um peso a carregar, mas uma lição para a construção de um futuro melhor, baseado na verdade, na justiça e no respeito pela dignidade humana.