Durante doze longos anos, a tragédia de Marikana continuou a assombrar as famílias dos mineiros que perderam a vida naquele dia. Em 16 de agosto de 2012, 34 mineiros foram mortos a tiros pela polícia na mina Lonmin durante uma greve, deixando para trás famílias destroçadas pela dor e pela injustiça. Apesar do passar do tempo, o Estado ainda não apresentou desculpas às famílias das vítimas, deixando um sentimento de negligência e desprezo pairando sobre estes trágicos acontecimentos.
Thobile Mpumza, uma das vítimas deste assassinato, foi brutalmente morto a tiros em Marikana. Com apenas 26 anos, foi baleado treze vezes, sugerindo violência desproporcional por parte das autoridades. As imagens de sua morte mostram a polícia regozijando-se com seu assassinato, revelando uma crueldade sem precedentes. Apesar das provas contundentes, ninguém foi responsabilizado pela morte de Mpumza ou pela manipulação das circunstâncias do seu desaparecimento.
A família Mpumza, ainda de luto, luta para obter justiça e reparação pelas perdas sofridas. Apesar dos esforços do Instituto de Direitos Socioeconómicos da África do Sul (Seri) para representar as 36 famílias afectadas, o Estado ainda se recusa a reconhecer a sua responsabilidade nesta tragédia. Os pedidos de indemnização, as desculpas públicas e os danos constitucionais não foram atendidos, deixando as famílias numa situação de privação financeira e emocional indescritível.
A situação é ainda mais frustrante porque o Estado concedeu indemnizações a várias famílias e menores feridos, mas permanece surdo aos apelos das famílias prejudicadas pela tragédia de Marikana. A recusa do Estado em reconhecer a sua responsabilidade e oferecer uma aparência de reparação reforça o sentimento de traição e desprezo sentido pelas famílias das vítimas.
Para além da questão financeira, é o luto inacabado e a busca pela verdade que atormentam as famílias dos mineiros mortos em Marikana. As declarações insensíveis dos funcionários do Estado e o desprezo demonstrado pelas famílias enlutadas ilustram a falta de empatia e compaixão das autoridades face a esta tragédia nacional.
Já é tempo de o Estado reconhecer a sua responsabilidade nesta tragédia, apresentar um sincero pedido de desculpas às famílias das vítimas e conceder-lhes a reparação que merecem. A justiça e a verdade não podem ser sacrificadas no altar da indiferença e da impunidade. É hora de virar a página e dar às famílias de Marikana o encerramento e a paz que merecem.