Nos subúrbios de Dakar, está a surgir uma iniciativa de cidadania que promete oferecer refúgio aos que defendem os direitos humanos, aos denunciantes, aos artistas e aos membros empenhados da sociedade civil. O coletivo de cidadãos senegaleses, conhecido como “Y’en a marre”, inaugurou o seu novo projeto, Maison Karibu, na sexta-feira, 26 de julho de 2024.
Refletindo o seu desejo de acolher calorosamente aqueles que se encontram na linha da frente das lutas pela justiça e pela liberdade, a Maison Karibu simboliza um espaço de segurança e intercâmbio para cerca de dez personalidades africanas. O nome deste lugar não poderia ser mais apropriado, com a palavra “Karibu” em suaíli traduzindo como “bem-vindo”. Um termo que ressoa como um apelo à solidariedade e à unidade além-fronteiras.
Para além da lendária hospitalidade do Senegal, a Maison Karibu representa um acto concreto de apoio àqueles que, muitas vezes, são forçados a deixar o seu país devido a ameaças ou perseguições relacionadas com o seu compromisso. Esta iniciativa insere-se num contexto político em evolução, simbolizado pelas recentes transições e alternâncias democráticas em África.
A ideia da Maison Karibu não se limita a oferecer abrigo temporário, mas visa criar um verdadeiro lugar de troca, compartilhamento e fortalecimento de lutas no continente. Além de acolher defensores dos direitos humanos, artistas e membros da sociedade civil em perigo, este projecto pretende tornar-se um centro de convergência das energias activistas africanas.
Ao promover encontros entre atores comprometidos e facilitar a partilha de experiências, a Maison Karibu aspira dinamizar as lutas sociais e políticas no continente. Esta iniciativa inscreve-se também numa perspectiva internacional, em resposta às crescentes restrições ao asilo em muitos países ocidentais e ao aumento de movimentos hostis às causas humanitárias.
A fase inicial de testes de dois anos da Maison Karibu sugere potencial de crescimento e expansão. O objectivo a longo prazo do colectivo “Y’en a marre” é poder estender este refúgio para além das fronteiras do Senegal, a fim de oferecer um espaço maior e mais inclusivo àqueles que lutam por um mundo mais justo e unido .
Em suma, a Maison Karibu encarna a esperança de um futuro onde a solidariedade e o compromisso com os direitos humanos transcendem as barreiras geográficas para se reflectirem como um farol de esperança para África e mais além. Uma grande iniciativa que merece ser elogiada e apoiada pelo seu impacto positivo na cena activista continental.