“Um incêndio irrompeu no Parlamento do Quénia no meio de protestos massivos contra uma nova lei financeira, marcando um ataque direto ao governo como nunca antes. Milhares de manifestantes invadiram o edifício, forçando os legisladores a fugir, enquanto cenas de caos se desenrolavam diante dos olhos de jornalistas, que puderam ver pelo menos três corpos sem vida fora do complexo, onde foram ouvidos tiros da polícia.
A raiva dos manifestantes foi dirigida a uma lei controversa que impõe novos impostos num país onde as frustrações relacionadas com o elevado custo de vida têm estado a ferver há anos. Os manifestantes conseguiram entrar no Parlamento logo depois que os legisladores votaram a favor do projeto. Os parlamentares fugiram por um túnel, enquanto os manifestantes deixaram sair os legisladores da oposição que votaram contra a lei.
O gabinete do governador de Nairobi, membro do partido no poder, também foi incendiado, estando próximo do Parlamento. Canhões de água foram usados pela polícia para apagar o fogo. Os manifestantes gritavam: “Encontraremos todos os políticos”.
Munições reais e gás lacrimogêneo foram usados pela polícia contra os manifestantes, que foram resgatados em uma tenda médica montada perto do Parlamento. A Comissão Queniana de Direitos Humanos partilhou um vídeo que mostra a polícia a disparar contra os manifestantes, prometendo que estes serão responsabilizados pelas suas ações.
Duas pessoas perderam a vida durante protestos semelhantes na semana anterior. A presidente da Sociedade Jurídica do Quénia, Faith Odhiambo, disse que 50 quenianos, incluindo a sua assistente pessoal, foram “sequestrados” por indivíduos suspeitos de serem agentes da polícia.
Alguns dos desaparecidos eram figuras ativas nos protestos, retirados das suas casas, locais de trabalho e espaços públicos antes das manifestações de terça-feira, segundo organizações da sociedade civil. Os policiais não responderam imediatamente às ligações pedindo uma explicação. O Presidente William Ruto estava fora da capital para uma cimeira da União Africana. Manifestou o seu orgulho pelos jovens manifestantes que estão a exercer o seu dever democrático e prometeu dialogar com eles sobre as suas preocupações.
Este texto analisa os acontecimentos dramáticos ocorridos no Quénia, destacando as tensões políticas e sociais que abalam o país. A narrativa centra-se na violência e nos abusos perpetrados durante os protestos, destacando a importância das questões políticas e das lutas democráticas que animam a população queniana.