Na África do Sul, a juventude sempre foi um actor central na luta pela democracia e nas negociações que deram origem à nova África do Sul pós-apartheid. No entanto, apesar da sua importância histórica e do seu contributo para a sociedade, os jovens parecem ser largamente ignorados no actual cenário político. Tendo em conta as recentes eleições gerais, é essencial realçar a relativa ausência de jovens nos órgãos de decisão política.
As eleições gerais foram agora concluídas na África do Sul, deixando os partidos políticos com votos suficientes para negociar a formação de um governo. É essencial que este novo governo tenha em conta as aspirações e preocupações de milhões de jovens sul-africanos que aspiram à mudança, especialmente a nível económico. No entanto, é preocupante notar que os jovens parecem estar excluídos das negociações políticas, apesar da sua representatividade dentro da população.
Durante as eleições, a participação dos jovens foi amplamente discutida. Os jovens mobilizaram-se para fazerem ouvir as suas vozes, como evidenciado pelo empenho dos estudantes da Universidade de Pretória que ficaram na fila até às 3 da manhã para votar. Este nível de compromisso demonstra que os jovens sul-africanos são patrióticos e determinados, longe da imagem estereotipada de jovens despreocupados frequentemente transmitida pelas gerações mais velhas. É essencial reconhecer e promover este envolvimento dos jovens no processo democrático.
Apesar da importância da juventude na sociedade sul-africana, os meios de comunicação social e os actores políticos parecem muitas vezes concentrar-se em figuras políticas influentes, negligenciando assim o potencial e as aspirações da juventude. Os próprios partidos políticos tendem a enfatizar os seus próprios interesses e ambições pessoais em detrimento das preocupações dos jovens, particularmente em termos de criação de oportunidades e de apoio aos jovens nos municípios e nas zonas rurais.
As eleições gerais de 2024 na África do Sul marcaram um ponto de viragem, com o ANC a perder a sua maioria pela primeira vez desde 1994. No entanto, é crucial sublinhar que este desenvolvimento é em grande parte o resultado da acção da juventude sul-africana, especialmente dos jovens nascidos na África do Sul. A partir da década de 2000, é imperativo que os partidos políticos tenham em conta esta dinâmica e atribuam um lugar central às aspirações e necessidades dos jovens nas suas políticas e ações futuras.
Concluindo, é hora de reconhecer a importância e o potencial da juventude sul-africana na construção de uma sociedade mais justa e próspera. Os jovens merecem ser ouvidos, tidos em conta e valorizados nas decisões políticas que moldarão o futuro do país. É responsabilidade dos actores políticos e da sociedade como um todo capacitar os jovens para que contribuam plenamente para a construção de um futuro melhor para todos os sul-africanos.