No âmbito do julgamento em curso relativo aos massacres de 28 de Setembro de 2009 em Conacri, Guiné, a audiência de 10 de Junho de 2024 foi marcada pelas alegações dos advogados de defesa, destacando os argumentos complexos em torno destes trágicos acontecimentos. Um dos destaques do dia foi a intervenção de um advogado que representa Moussa Dadis Camara, então chefe de Estado, durante a violência que deixou a manifestação da oposição ensanguentada e causou inúmeras perdas humanas.
Defendendo veementemente o seu cliente, o advogado afirmou a inocência de Moussa Dadis Camara, rejeitando qualquer envolvimento nos alegados crimes. Afirmou que o presidente reagiu com urgência após a tragédia, libertando fundos para o cuidado dos feridos e criando uma comissão nacional de inquérito. No entanto, estas ações salvadoras, segundo as partes civis, seriam apenas fachadas para esconder a verdadeira face de um presidente autoritário que procura preservar o seu poder a todo custo.
A figura de Moussa Dadis Camara, como chefe de Estado todo-poderoso na altura dos massacres, ocupa um lugar central neste julgamento. Ele é designado pelos demandantes e pela promotoria como o mentor da carnificina deste dia desastroso. O advogado de defesa tentou conciliar os factos, sugerindo que a oposição poderia ter evitado a tragédia ao concordar em adiar a sua reunião, argumentando que a escolha do estádio 28 de Setembro como local de encontro era uma provocação em si.
Contudo, a questão fundamental permanece: como poderiam simples escolhas logísticas legitimar um ato de tamanha barbárie? Esta questão permanece sem resposta após a intervenção do advogado durante este agitado dia de audiência.
Através deste julgamento histórico, a Guiné enfrenta uma das páginas mais sombrias da sua história recente, uma ferida profunda no tecido social do país. As requisições do procurador solicitando prisão perpétua contra Moussa Dadis Camara e outros funcionários sublinham a escala dos crimes cometidos naquele dia. A classificação dos factos como crimes contra a humanidade, incluindo homicídio, tortura, violação e sequestro, demonstra a gravidade da situação.
Em última análise, o julgamento do massacre de 28 de Setembro de 2009 na Guiné realça a necessidade de reconhecer as tragédias do passado para construir um futuro mais justo e pacífico. Levanta questões fundamentais sobre a responsabilização dos líderes e a busca de justiça para as vítimas, recordando a necessidade urgente de garantir que tais eventos nunca mais voltem a acontecer.