A República Democrática do Congo, uma terra de contrastes e desafios, é frequentemente confrontada com problemas complexos, incluindo o da justiça popular. Recentemente, o incidente ocorrido em Goma, mais precisamente no distrito de Mugunga, evidenciou os perigos desta prática de fazer justiça pelas próprias mãos, desafiando as leis e os procedimentos estabelecidos.
A coordenação das forças activas da sociedade civil em Karisimbi tomou a palavra para sensibilizar a população contra o uso da justiça popular, na sequência do linchamento e imolação de um homem suspeito de cumplicidade com os rebeldes do M23. Para além da violência inenarrável deste acto, emerge toda uma reflexão sobre o funcionamento da justiça e sobre a responsabilidade individual.
Christian Kalamo, presidente da coordenação, lembrou com razão que a justiça popular apenas perpetua um ciclo de violência e vingança, fora de qualquer enquadramento legal. Ao incentivar denúncias e execuções sumárias, prejudica não só a busca pela verdade, mas também a possibilidade de prevenção de crimes futuros. Na verdade, ao eliminar indivíduos sem provas ou julgamento, a população corre o risco de se privar de informações cruciais para lutar eficazmente contra grupos armados e redes criminosas.
Além disso, rumores falsos, muitas vezes espalhados pelo medo e pela desconfiança, podem levar a tragédias imensuráveis, como demonstra este terrível incidente em Mugunga. A prudência e o rigor na recolha de informação são, portanto, essenciais para evitar tais abusos e para garantir uma aparência de justiça num contexto já marcado pela instabilidade e pela violência.
É, portanto, imperativo que a sociedade civil, as autoridades e os cidadãos trabalhem em estreita colaboração para reforçar o Estado de direito e garantir o respeito pelos direitos humanos. A luta contra a impunidade não pode ser feita desrespeitando os princípios fundamentais da justiça, mas, pelo contrário, defendendo-os com firmeza e determinação.
Em última análise, a questão da justiça popular na RDC revela os imensos desafios que o país enfrenta, mas também os recursos consideráveis que tem à sua disposição para os superar. É através do fortalecimento das instituições, da promoção da transparência e do incentivo à colaboração entre todas as partes interessadas que a RDC pode realmente progredir rumo a um futuro mais justo e pacífico para todos os seus cidadãos.