17/01/2024
A luta contra a balcanização da República Democrática do Congo: o legado de Patrice-Emery Lumumba
O dia 17 de Janeiro marca o triste aniversário do assassinato do primeiro primeiro-ministro congolês, Patrice-Emery Lumumba. O seu discurso nacionalista, soberanista e a unidade do povo congolês denunciaram a balcanização do país, uma tentativa levada a cabo pelas forças imperialistas ocultas desde a independência em 1960. Lumumba pagou com a vida pela sua luta contra esta divisão da RDC.
A noção de balcanização foi levantada pela primeira vez pelo próprio Lumumba, acusando abertamente a Bélgica de estar por trás da conspiração para desmantelar o Congo. Mais de 63 anos após a sua morte, os congoleses continuam a denunciar esta ameaça que se manifesta hoje nos desejos expansionistas do Ruanda, reivindicando regularmente direitos sobre as terras congolesas.
Assim, “Não à balcanização da RDC” tornou-se um leitmotiv adoptado por muitos congoleses, testemunhando a importância deste património. Durante as últimas eleições, os candidatos que conseguiram explorar com sucesso este tema obtiveram grande sucesso junto da população congolesa.
O Presidente Félix-Antoine Tshisekedi fez nomeadamente de “likambu ya mabele” (É uma questão das nossas terras) o pilar da sua campanha eleitoral, atraindo assim o apoio maciço dos congoleses. A protecção da soberania e a recusa de viver como escravos no seu próprio solo são princípios caros ao povo congolês, o que se expressa em particular pelo seu apego a líderes legitimamente eleitos.
Contudo, a luta contra a balcanização não se limita apenas à defesa do território congolês contra as pretensões expansionistas. É também o desejo de preservar a unidade do país, opondo-se a movimentos como o M23 ou qualquer tentativa de divisão regional. É saber que a RDC é una e indivisível, como proclamou Lumumba.
Embora Lumumba tenha sido tragicamente assassinado em Shilatembo e o seu corpo tenha sido dissolvido em ácido, as suas ideias e discursos são considerados por muitos congoleses como escritos sagrados, um testamento vivo.
Nesta linha, Jonas Tshiombela, presidente da Nova Sociedade Civil Congolesa, sublinha que Lumumba nunca teria aceitado a AFDL, o RCD, o M23 ou qualquer outra aliança destinada a dividir o país. É, portanto, dizendo não aos desejos expansionistas do Presidente ruandês Paul Kagame e defendendo o território nacional que reafirmamos a unidade da RDC.
A luta contra a balcanização não deve enfraquecer e o legado de Lumumba deve ser ensinado às crianças congolesas desde a creche. A RDC não se deixará dividir, permanecerá una e indivisível.