Fatshimetria
Numa coluna recente, um assistente da Faculdade de Ciências Políticas levanta questões delicadas e controversas em torno do genocídio ocorrido no Ruanda em 1994. Esta reflexão surge por ocasião da comemoração desta tragédia que marcou profundamente a história deste país e do país. toda a região.
O autor destaca a armadilha para a qual o presidente do Ruanda, Paul Kagame, poderá estar a atrair a comunidade internacional. Na verdade, ele aponta certas questões sensíveis que Kagame evita abordar, como a origem do genocídio, as mortes dos presidentes do Ruanda e do Burundi, bem como o elevado número de Hutu que morreram durante estes trágicos acontecimentos. Apela a uma revisão da forma como o genocídio é comemorado, sublinhando que as vítimas não se limitam apenas aos tutsis, mas incluem todos os ruandeses, incluindo os hutus, a maioria no país.
O assistente sublinha ainda a importância de não ceder a uma visão unilateral do genocídio, recordando o assassinato dos Presidentes Habyarimana e Ntaryamira, ambos Hutu, actos que desencadearam este período negro da história do Ruanda. Apela a uma memória colectiva mais equilibrada, incluindo a comemoração de todas as vítimas, sem distinção étnica.
Além disso, o autor destaca uma questão candente que permanece largamente ignorada pela comunidade internacional, nomeadamente o apoio de Paul Kagame aos actos de violência na República Democrática do Congo durante várias décadas, causando inúmeras perdas humanas. Exige uma reflexão mais profunda sobre estes acontecimentos pouco conhecidos que continuam a marcar a região.
Para concluir, a Assistente Nzila apela à consciência colectiva, a uma abordagem mais justa e equilibrada da história, a fim de promover a coesão social no Ruanda e pôr fim aos ciclos de violência na região. Este fórum convida a uma reflexão profunda sobre a forma como a história é contada e comemorada e sobre as questões da memória que moldam as sociedades contemporâneas.