Oposição indiana mobiliza-se para salvar a democracia

Na histórica reunião dos principais líderes da oposição da Índia em Nova Deli, houve uma demonstração de unidade para apelar aos eleitores a “salvar a democracia”. Em meio a um sol escaldante, mais de uma dúzia de figuras políticas proeminentes se dirigiram a milhares de apoiadores para se oporem a um potencial terceiro mandato consecutivo do primeiro-ministro Narendra Modi.

O evento, realizado em 31 de março no Ramlila Maidan, local historicamente importante na capital, marcou uma das tentativas mais ousadas da oposição de persuadir os eleitores a não reelegerem Modi. Os líderes da oposição alertaram sobre os perigos de uma possível erosão dos princípios democráticos que sustentam a Índia contemporânea.

O líder do principal partido da oposição, o Congresso Nacional Indiano, Mallikarjun Kharge, afirmou à multidão agitando as bandeiras do partido: “Estas eleições são cruciais para salvar a democracia, e devemos nos unir para enfrentar este desafio.”

A reunião histórica evocou lembranças de uma manifestação semelhante há mais de quatro décadas no mesmo local, onde líderes da oposição reuniram grandes multidões para mudar o rumo das eleições de 1977 e encerrar os 10 anos do poderoso terceiro primeiro-ministro, Indira Gandhi.

Naquela época, Gandhi decretou estado de emergência, deteve líderes da oposição e restringiu as liberdades civis. Para muitos, o futuro da Índia foi colocado à prova entre a autocracia e a democracia. Ela perdeu as eleições, e para muitos, a democracia indiana foi preservada.

Muitos apoiadores presentes no comício acreditam que a Índia se encontra atualmente em uma encruzilhada semelhante, onde esta eleição decisiva definirá o curso do país.

“Há perigo para a nossa democracia, a Índia está caminhando para uma ditadura”, disse Hazari Lal Rajput, morador do estado de Uttar Pradesh, em entrevista realizada no Ramlila Maidan.

Apesar do provável terceiro mandato consecutivo do BJP de Modi, baseado em uma combinação de popularidade e desenvolvimento econômico, os líderes da oposição acusam o governo de se tornar uma autocracia eleitoral, manipulando o voto, reprimindo opositores e minando os fundamentos da democracia.

Alertam ainda que o nacionalismo hindu de Modi está exacerbando divisões religiosas em um país marcado por conflitos sectários. A batalha eleitoral, que teve início em 19 de abril e se estende até 1º de junho, com os resultados sendo apurados em 4 de junho, é vista como crucial para o futuro da democracia indiana.

Por fim, a mobilização da oposição é uma tentativa de preservar os valores democráticos e pluralistas do país, em um momento em que estes princípios parecem estar sob ameaça.

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