O cenário agrícola global para a época 2023-24: Perspectivas e desafios dos preços dos cereais na África do Sul

O cenário agrícola global está passando por mudanças significativas para a temporada 2023-24, com uma abundância de cereais resultando em preços mais moderados. Esta queda de preços é consequência de uma melhoria nas reservas mundiais de cereais. Segundo o Índice de Preços dos Cereais da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a média atingiu 111 pontos em março de 2024, representando uma queda de 3% em relação a fevereiro e de 20% se comparado a março de 2023.

Essa redução nos preços dos cereais reflete a situação da oferta global para a campanha de 2023-24. O Conselho Internacional de Grãos estima uma colheita global de milho de 1,2 bilhão de toneladas para 2023-24, um aumento de 6% em relação ao ano anterior. Da mesma forma, a colheita mundial de trigo para o mesmo período está projetada em 789 milhões de toneladas, acima da média de longo prazo.

Também há uma grande oferta de arroz em nível mundial, com uma colheita esperada de 511 milhões de toneladas para 2023-24, substancialmente acima da média histórica.

No entanto, apesar dessas perspectivas favoráveis em nível global, a situação na África do Sul é preocupante. A região enfrenta escassez de milho branco, enquanto a oferta predominante é de milho amarelo. As regiões produtoras de milho branco na África do Sul tiveram falhas significantes, impactando a colheita prevista de 6,3 milhões de toneladas para 2023-24, uma queda de 25% em relação ao ano anterior.

Essa situação levanta preocupações sobre a capacidade da África do Sul de atender à crescente demanda dos países da África Austral, que estão lidando com grandes falhas nas colheitas. A demanda desses países, juntamente com a queda na colheita local, resultou em um recente aumento nos preços do milho branco no mercado interno, atingindo cerca de R5.200 por tonelada, comparado aos R4.200 do milho amarelo.

Apesar disso, a produção global de cereais poderia beneficiar os consumidores sul-africanos, especialmente por meio das importações de trigo e arroz. Contudo, a volatilidade cambial desempenhará um papel crucial, visto que a África do Sul importa cerca da metade de seu consumo anual de trigo, além de todo o consumo de arroz.

Outro fator relevante que impacta a inflação alimentar na África do Sul nos últimos anos é o aumento nos preços de produtos agrícolas e avícolas. A escassez na produção agrícola, aliada a interrupções no fornecimento de energia, ocasionou o aumento nos preços dos vegetais no início do ano.

Entretanto, a situação melhorou este ano, devido às condições meteorológicas favoráveis e a uma menor frequência de interrupções no abastecimento. Ademais, o aumento nos preços da carne no final de 2023, causado por restrições na oferta de produtos avícolas devido à gripe aviária, parece estar sendo amenizado por um processo contínuo de reposição de estoques.

Em resumo, persiste a incerteza quanto à trajetória da inflação alimentar na África do Sul em 2024. A dinâmica subjacente não é unidirecional e é fundamental considerar os diferentes produtos e seus respectivos pesos ao desenvolver previsões de preços dos alimentos para o próximo ano. Apesar disso, as perspectivas para os preços mundiais dos cereais permanecem relativamente otimistas para os próximos meses.

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