A questão da violência sexual na República Democrática do Congo constitui uma questão importante tanto a nível humanitário como em termos de direitos das mulheres. A luta contra estes abusos continua a ser uma batalha árdua, apesar dos esforços envidados por organizações como a Sinergia de Mulheres Vítimas de Violência Sexual (SFVS), que comemorou recentemente os seus 20 anos de existência.
A intervenção de Justine Masika, coordenadora do SFVS, sublinha a dimensão do problema, com mais de 50.000 casos de violência sexual registados em 2023 no leste do país, particularmente no Kivu do Norte. Estes números assustadores destacam a persistência da violência, apesar das ações tomadas para combatê-la.
É claro que a restauração da paz é essencial para termos alguma esperança de pôr fim a estas atrocidades. Sem um ambiente de segurança e estabilidade, é difícil imaginar um futuro pacífico para as mulheres que vivem em zonas de conflito. A Presidente da Rede de Mulheres do Ruanda, Yassin Ntunsingwire Musubaho, destaca o papel crucial das mulheres na construção da paz na região dos Grandes Lagos. A sua participação nos processos de tomada de decisão é essencial para garantir uma paz duradoura e inclusiva.
Aimerance Nsonga, presidente da ONG Femmes Réveilez-vous, insiste na necessidade de fazer lobby junto dos líderes para acabar com a crise no leste do país. Sensibilizar as mulheres para os seus direitos e envolvê-las ativamente na prevenção de conflitos são ações essenciais para mudar mentalidades e construir um futuro melhor.
A contribuição da SFVS no atendimento às vítimas de violência sexual é inegável, com avanços notáveis como a criação de tribunais especializados e programas de saúde e atendimento psicológico. No entanto, ainda há muito a fazer para erradicar esta violência e garantir a segurança e a dignidade das mulheres na RDC.
A comemoração dos 20 anos do SFVS foi uma oportunidade para reafirmar o compromisso da organização e dos seus parceiros em trabalhar pela paz, justiça e igualdade de género. Os participantes concordaram em reforçar as suas ações em conformidade com a Resolução 1325 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que reconhece o papel crucial das mulheres na promoção da paz e da segurança.
Em última análise, a luta contra a violência sexual na RDC só pode ter sucesso através de uma abordagem holística, combinando sensibilização, prevenção, cuidados às vítimas e promoção da paz. É uma luta de longo prazo que exige o compromisso de todos, desde os governos às organizações da sociedade civil e aos cidadãos comuns. Juntos, podemos reduzir esta violência e oferecer um futuro mais seguro e justo para todas as mulheres na RDC.