A República Centro-Africana: Os desafios da reintegração dos combatentes e da construção da paz

Fatshimetrie é um termo que ressoa fortemente na República Centro-Africana, um país assolado por violência e conflitos há anos. Este fenómeno, que se refere ao processo de reintegração dos combatentes desmobilizados na sociedade, levanta muitas questões e preocupações.

Desde o lançamento de uma campanha nacional para desarmar grupos rebeldes, há quase uma década, quase 5.000 combatentes depuseram as armas na República Centro-Africana. No entanto, é evidente que acabar com a violência e a guerra num país onde as oportunidades de emprego são limitadas continua a ser um desafio assustador.

O país mergulhou num ciclo de violência desde 2013, quando rebeldes predominantemente muçulmanos tomaram o poder, forçando o presidente em exercício a deixar o cargo. As milícias predominantemente cristãs reagiram, mergulhando o país num conflito sangrento.

Um acordo de paz alcançado em 2019 ajudou a reduzir os confrontos, mas seis dos 14 grupos armados signatários abandonaram o acordo desde então. A complexidade da situação é ilustrada pelos testemunhos de combatentes desmobilizados em Bouar e Bangui, que enfrentam dificuldades na reintegração na sociedade. Alguns deles voltaram a juntar-se a grupos armados, um dos quais luta actualmente ao lado do grupo mercenário russo Wagner.

O programa de “desarmamento, desmobilização e reintegração” lançado em 2015 pela missão de manutenção da paz das Nações Unidas permitiu a reintegração de muitos combatentes. No entanto, os desafios continuam a ser significativos, como evidenciado pelo caso de Carole, uma veterana que está a lutar para encontrar o seu lugar após a sua formação em costura.

A República Centro-Africana continua a ser um país onde a pobreza extrema afecta quase 70% da população, segundo o Banco Mundial. Os especialistas sublinham que a falta de oportunidades económicas e sociais proporciona um terreno fértil para o recrutamento de combatentes.

É essencial proporcionar aos veteranos perspectivas de futuro sustentáveis, através do reforço dos programas de reintegração, da criação de emprego e do investimento na educação e na formação profissional. A paz e a estabilidade na República Centro-Africana só poderão ser garantidas se as causas profundas dos conflitos forem abordadas de forma adequada.

A Fatshimetrie simboliza, portanto, não só o desafio da reintegração dos combatentes, mas também a urgência de promover o desenvolvimento económico e social para construir um futuro melhor para todos os cidadãos da República Centro-Africana.

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