Em França, um debate acalorado está a agitar as discussões parlamentares em torno de uma proposta de lei que visa proibir a discriminação com base na textura, comprimento, cor ou estilo do cabelo de cada pessoa.
O projeto de lei, apresentado pelo deputado francês Olivier Serva, da ilha caribenha de Guadalupe, visa enviar uma forte mensagem de apoio aos negros e outras minorias que enfrentaram hostilidades por causa dos seus cabelos, seja no local de trabalho ou noutro local.
Os riscos são elevados, porque esta medida pioneira poderá tornar a França o primeiro país do mundo a reconhecer a discriminação capilar a nível nacional. Embora o texto não vise especificamente a discriminação racial, é de facto a principal motivação que impulsionou esta abordagem.
Na verdade, as pessoas que não se enquadram nas normas eurocêntricas enfrentam frequentemente discriminação, estereótipos e preconceitos. Olivier Serva sublinha que esta lei visa pôr fim a estas práticas inaceitáveis.
O projeto de lei tem o apoio de vários grupos políticos, nomeadamente do partido centrista Renascença de Emmanuel Macron e de partidos de esquerda. No entanto, os parlamentares conservadores e de extrema-direita opõem-se a esta iniciativa, vendo-a como uma importação de conceitos americanos sobre raça e discriminação para França.
Na verdade, nos Estados Unidos, 24 estados já adotaram uma versão da Lei CROWN que proíbe a discriminação capilar com base na raça em diferentes áreas. Em contrapartida, a França, devido à sua visão universalista, não recolhe dados oficiais sobre as origens étnicas, o que torna difícil medir a discriminação capilar com base na raça.
Apesar da oposição, os defensores do projeto esperam que ele ajude a acabar com a estigmatização do cabelo natural dos negros em França. Porque para além da questão do cabelo, é sobretudo uma questão de aceitação da diversidade e da identidade de cada pessoa.
Em suma, esta proposta de lei vai além do simples enquadramento do cabelo para fazer parte de uma dinâmica mais ampla de reconhecimento e respeito pelas diferenças. Abre caminho para uma sociedade mais inclusiva e solidária, onde todos podem abraçar a sua própria identidade sem medo de serem julgados ou discriminados.