Nada resume melhor a essência de uma democracia do que a liberdade de imprensa. Contudo, na Tunísia, esta liberdade parece estar cada vez mais ameaçada. O recente caso de Mohamed Boughalleb, um renomado jornalista tunisiano, ilustra esta realidade perturbadora.
Depois de ter sido colocado em prisão preventiva, na sequência de denúncias de insultos a um funcionário público nas redes sociais, Boughalleb chamou a atenção ao levantar a possibilidade de revelar casos de corrupção e desvio de fundos públicos envolvendo vários ministros e instituições públicas. A sua detenção é a mais recente de uma série de ações repressivas contra jornalistas e opositores políticos na Tunísia.
Esta repressão tem como base o Decreto 54 de 2022, que supostamente visa combater o crime cibernético, mas que é mal utilizado para reprimir a liberdade de expressão. Jornalistas, advogados e opositores políticos têm sido alvo desta lei, restringindo assim a liberdade dos meios de comunicação social e minando os alicerces da democracia na Tunísia.
O presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas da Tunísia denunciou a prisão como um sinal da crescente perseguição aos jornalistas no país. Sublinhou a importância da liberdade de imprensa para expor os abusos e a corrupção do governo, enfatizando a responsabilidade dos jornalistas de informar sobre a utilização de fundos públicos.
O julgamento iminente de Boughalleb ocorre num momento crucial para a Tunísia, enquanto o Presidente Kais Saied se prepara para concorrer a um segundo mandato presidencial. Saied, eleito em 2019 com uma plataforma anticorrupção, desde então concentrou o poder nas suas mãos, limitando a liberdade de imprensa e a separação de poderes.
A situação na Tunísia sublinha a importância de defender a liberdade dos meios de comunicação social e de garantir um ambiente propício ao jornalismo independente e corajoso. Jornalistas como Boughalleb desempenham um papel vital na exposição de abusos de poder e na responsabilização dos governos pelas suas ações. Cabe a nós, como cidadãos e defensores da liberdade, permanecer vigilantes e defender estas vozes corajosas que defendem a transparência e a responsabilização.