Nos bastidores do dia a dia dos funcionários do cemitério na Nigéria
Trabalhar num cemitério é muitas vezes visto como um trabalho sem glamour, mas para alguns na Nigéria é uma realidade inevitável. O documentário intitulado “Os Coveiros” mergulha-nos no mundo pouco conhecido dos trabalhadores do cemitério de Atan, em Lagos.
Kayode, pedreiro do cemitério, diz que apesar dos olhares de desaprovação da família, escolheu esse trabalho por falta de melhores oportunidades. Ele compartilha seu constrangimento com o julgamento alheio, mas permanece focado em sua tarefa principal: enterrar o falecido. Para ele, é uma questão de necessidade e dignidade garantir estas últimas despedidas.
Por sua vez, Mayuku, outro funcionário do cemitério, teve que explicar à família a escolha da profissão. Sua mãe ficou preocupada com sua decisão, mas ele simplesmente a lembrou da importância desse trabalho e da necessidade de realizá-lo. Afinal, se ninguém trabalha no cemitério, quem vai enterrar as pessoas?
O processo de sepultamento é rigorosamente organizado, como uma rotina de escritório de Adeyemi, que supervisiona os demais funcionários. Porém, Mayuku revela um detalhe surpreendente: quando falamos em “seis pés abaixo”, nem sempre é uma questão de profundidade, mas de comprimento para permitir que caiba um caixão. Uma nuance que lança uma luz diferente sobre a nossa visão do sepultamento.
O medo é uma emoção inevitável neste ambiente, mas cada um lida com ele à sua maneira. Babajide ficou apavorado no início, mas se acostumou com o meio ambiente. Mayuku, por sua vez, propõe uma solução mais ousada, pedindo álcool às famílias para que os coveiros recuperem a coragem. Para Kayode, o medo persiste, pois para ele o cadáver é um espírito potencialmente perturbador.
Trabalhar num cemitério não é apenas um trabalho, mas uma missão que exige respeito e coragem. Estes homens, muitas vezes não reconhecidos, desempenham uma tarefa essencial para a nossa sociedade, mostrando que mesmo os trabalhos mais humildes têm a sua importância.