**A Francofonia na República Democrática do Congo: uma relação complexa e tensa**
A República Democrática do Congo, o país com o maior número de falantes de francês no mundo depois da França, mantém uma relação complexa com a Francofonia. Com efeito, o país, que deveria ter comemorado o Dia Internacional da Francofonia em 20 de março, decidiu não realizar uma cerimónia devido às tensões ligadas ao suposto envolvimento do Ruanda no conflito entre os dois países.
A recusa da RDC em celebrar este dia realça as frustrações do governo congolês com a Organização Internacional da Francofonia (OIF). Segundo o porta-voz do governo, Patrick Muyaya, a RDC não se sente suficientemente considerada dentro da organização, apontando para a alegada parcialidade da secretária-geral, Louise Mushikiwabo, antiga chefe da diplomacia ruandesa. A questão da adesão da RDC à Francofonia é assim levantada, com certos actores políticos a defenderem a retirada se os interesses do país não forem adequadamente defendidos.
Neste contexto tenso, a RDC está a explorar diferentes opções relativamente à sua relação com a Francofonia. Serão organizados programas especiais de televisão para discutir os benefícios de pertencer à organização e as ações a serem tomadas para fortalecer a posição do país no mundo francófono. Esta abordagem visa sensibilizar a população congolesa para as questões ligadas à Francofonia e estimular um debate nacional sobre a questão.
É óbvio que a relação entre a RDC e a Francofonia é complexa e sujeita a tensões políticas. O país, consciente do seu peso demográfico e linguístico na Francofonia global, procura fazer valer os seus interesses e ser plenamente reconhecido dentro da organização. O futuro desta relação permanece, portanto, incerto, entre tentativas de reconciliação e perspectivas de retirada.
Neste Dia Internacional da Francofonia, é essencial que a RDC e a Francofonia pensem numa nova abordagem para reforçar a sua colaboração e promover os valores da Francofonia num espírito de equidade e solidariedade.