“A Gâmbia enfrenta um dilema crucial: o debate sobre a mutilação genital feminina”

Notícias recentes na Gâmbia suscitaram fortes reacções, uma vez que os deputados foram chamados a votar uma proposta de lei que visa derrubar a proibição da mutilação genital feminina implementada em 2015. Esta prática, também chamada de excisão, envolve a remoção parcial ou total dos órgãos externos das mulheres. genitália, muitas vezes realizada por praticantes tradicionais usando lâminas de barbear. Vista erroneamente como uma forma de controlar a sexualidade das mulheres, a prática causa sérios riscos à saúde, como sangramento intenso e até morte. Ainda está difundido em certas regiões da África.

A medida para levantar a proibição é apoiada por conservadores religiosos dentro da nação maioritariamente muçulmana de menos de 3 milhões de pessoas, em nome da preservação da pureza religiosa e das normas culturais. No entanto, para muitas vozes da sociedade civil, esta tentativa põe em causa os direitos das mulheres e os progressos alcançados nos últimos anos. O receio é que outras leis essenciais para a protecção das mulheres, como as que proíbem o casamento precoce ou a violência doméstica, também sejam postas em causa.

A história pessoal de Jaha Dukureh, fundadora da Safe Hands for Girls, é sintomática da escala do desafio. Tendo ela própria sido submetida à excisão e testemunhado a morte da sua irmã em consequência desta prática, ela sublinha a importância de proteger os direitos das mulheres. Em resposta a esta polémica, ocorreram manifestações em frente ao parlamento gambiano, ilustrando a divisão e a emoção que esta questão suscita.

A mutilação genital feminina é uma violação dos direitos humanos, contrária a toda lógica religiosa ou médica. Estudos têm demonstrado os riscos e consequências nefastas desta prática para a saúde física e mental das mulheres. A ONU estima que milhões de mulheres em todo o mundo sejam afectadas, principalmente em África, mas também na Ásia e no Médio Oriente.

É essencial que a luta contra estas práticas prejudiciais à saúde e aos direitos das mulheres continue. A sensibilização e a educação são passos cruciais para proporcionar às mulheres e às raparigas protecção e liberdade essenciais. A Gâmbia, como pioneira nesta luta, tem a oportunidade de enviar uma mensagem forte a favor da igualdade de género e do respeito pelos direitos fundamentais de todos.

Juntos, ao rejeitarmos práticas que limitam a liberdade e a dignidade das mulheres, estamos a avançar para um futuro onde todos possam florescer e prosperar, respeitando a sua personalidade e os seus direitos.

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