**”Repensando a empregabilidade na RDC: que lugar para pensadores e intelectuais?”**

No centro da complexa dinâmica da empregabilidade na República Democrática do Congo, emerge uma realidade que é difícil de ignorar. As aspirações individuais transformam-se numa luta feroz pela obtenção de posições muitas vezes inacessíveis sem apoio ou conivência. As elites congolesas precipitam-se para o serviço público e para as esferas políticas com o único objectivo de se apropriarem do poder e da riqueza, relegando assim a verdadeira vocação para segundo plano.

Para muitos cidadãos, a formação e a educação parecem simples ferramentas para tentar entrar num mercado de trabalho largamente corrompido pelo favoritismo. Neste contexto, surge uma questão essencial: que lugar seria dado a pensadores e filósofos de renome neste implacável sistema de empregabilidade na RDC?

A resposta infelizmente é negativa. Mentes brilhantes, intelectuais, artistas que desenvolvem as suas visões do mundo encontram-se marginalizados, relegados às margens de uma sociedade obcecada pelo lucro material e pelo poder. No entanto, a contribuição destes pensadores é essencial para nutrir as nossas consciências, enriquecer o nosso pensamento e elevar as nossas aspirações à verdade e à beleza.

É imperativo questionar os fundamentos deste modelo desumanizador, centrado na produtividade e no oportunismo. O valor do pensamento, da criatividade e da reflexão deve ser reafirmado para construir uma sociedade iluminada, livre e próspera. Os filósofos, intelectuais e pensadores devem recuperar a sua legitimidade na sociedade congolesa, não como pessoas excluídas, mas como guias e visionários que abrem novos horizontes para um futuro mais sereno e equitativo para todos.

Já é tempo de repensarmos as nossas prioridades e colocarmos a dimensão humana no centro das nossas preocupações. O intelecto deve ser reabilitado, a criatividade celebrada e o pensamento encorajado, a fim de garantir um desenvolvimento harmonioso e verdadeiramente inclusivo para a República Democrática do Congo.

PELUCHE MFITU

Polímata, pesquisador e escritor / Consultor sênior da empresa CICPAR

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