“A Mãe de Todas as Mentiras: um mergulho emocional nos tumultos do pão em Casablanca em 1981”

Descobrir a história oculta dos motins do pão em Casablanca em Junho de 1981, violentamente reprimidos pelo regime autoritário de Hassan II, é uma viagem emocional e visual cativante, graças ao filme “A Mãe de Todas as Mentiras” de Asmae El Grind. Premiada pela sua audácia formal, a realizadora marroquina soube renovar a narrativa através de um dispositivo cinematográfico único, misturando realidade documental e poesia ficcional.

O título original do filme, “Kadib Abyad”, traduzido para o francês como “A Mãe de Todas as Mentiras”, oferece uma dualidade sutil entre as culturas árabe e francesa. A abordagem artística de Asmae El Moudir se mistura a uma busca pessoal, a de desvendar os segredos e mistérios através de uma foto encontrada, iniciando uma investigação ousada e comovente.

Ao dar voz a personagens congelados em figuras de barro, o realizador consegue tecer ligações entre o pessoal e o irracional, oferecendo assim uma nova forma narrativa, híbrida e cativante. Esta viagem introspetiva revela um período negro da história marroquina, ao mesmo tempo que destaca a resiliência e a busca pela verdade dos protagonistas.

Através desta história comovente, Asmae El Moudir convida os espectadores a revisitar o passado, a quebrar o silêncio e a enfrentar a verdade, numa forma artística livre e surpreendente. “A Mãe de Todas as Mentiras” oferece um olhar único sobre acontecimentos trágicos, transformando o indizível numa poderosa e comovente obra de cinema.

Ao explorar as sombras do passado e reavivar memórias enterradas, o filme de Asmae El Moudir questiona a nossa relação com a História e a nossa capacidade de enfrentar a verdade. Uma obra artística marcante, que ressoa além-fronteiras, convidando todos a refletir sobre a memória coletiva e a importância de fazer ressoar as vozes do passado.

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