Na cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizada em Abuja, em Fevereiro de 2024, foi tomada uma decisão controversa relativamente ao levantamento das sanções económicas impostas ao Níger na sequência do golpe de Estado. Esta reviravolta da CEDEAO marca um ponto de viragem na sua relação com as juntas militares na África Ocidental, levantando questões sobre a sua estratégia e a sua eficácia.
O anúncio do levantamento das sanções económicas e financeiras contra o Níger, bem como a redução das medidas contra o Mali e a Guiné, surpreendeu muitos observadores. Se alguns a vêem como uma abordagem pragmática destinada a promover o diálogo e evitar o desmoronamento do bloco regional, outros consideram esta decisão como uma admissão de fraqueza por parte da CEDEAO.
Após meses de impasse mal sucedido, o actual presidente da CEDEAO, Bola Tinubu, admitiu implicitamente um fracasso estratégico ao declarar que era altura de rever a abordagem da organização para o regresso da ordem constitucional em alguns dos seus países membros. Esta posição contrasta com as posições firmes anteriormente adoptadas pela CEDEAO, que inicialmente condenou os golpes e impôs sanções severas para tentar contê-los.
Note-se que as sanções económicas impostas ao Níger não produziram os resultados esperados. As atenções voltam-se agora para as consequências desta decisão para a população nigerina, bem como para a imagem da CEDEAO, que parece ter invertido o rumo na sua política de firmeza em relação aos golpistas.
Parece, portanto, necessário acompanhar de perto a evolução da situação na África Ocidental para compreender as implicações destas decisões na estabilidade política regional e no futuro das relações entre a CEDEAO e as juntas militares existentes. Esta mudança de rumo poderá marcar uma viragem na política da organização e ter repercussões significativas na cena internacional.