A história oferece-nos um espelho valioso para compreender a dinâmica atual e destacar padrões recorrentes. Uma reflexão sobre o papel do imperialismo nas nações do sul, como a África do Sul, revela semelhanças impressionantes com acontecimentos históricos como o golpe contra o presidente chileno Salvador Allende em 1973.
Desde o fim do apartheid em 1994, a África do Sul empreendeu uma transição complexa para uma economia mais liberal, mas esta mudança ocorreu muitas vezes à custa da população. Os interesses económicos dominantes, muitas vezes impulsionados por intervenientes externos, agravam as desigualdades e prejudicam o bem público.
O discurso do Presidente Allende nas Nações Unidas em 1972 testemunha as lutas contra um imperialismo insidioso que priva os cidadãos da sua voz em decisões económicas cruciais. Esta desconexão progressiva entre as decisões económicas e o debate público reforça as desigualdades e enfraquece a esfera democrática.
Neste contexto, a linguagem utilizada para descrever as políticas económicas é essencial. Termos como “nacionalização” são substituídos por conceitos como “expropriação”, enquanto os direitos humanos se tornam um pretexto para justificar a interferência económica de antigas potências coloniais.
Esta tendência para a desterritorialização económica é também observada através de mecanismos internacionais que visam separar os interesses económicos dos Estados e das populações. Estas abordagens, sejam legais ou informais, fortalecem a influência do capital externo nas políticas nacionais.
O exemplo do Chile sob Salvador Allende ilustra este padrão de subversão económica. As suas reformas radicais suscitaram oposição interna e externa, conduzindo em última instância a um golpe de estado apoiado pelos EUA. O resto da história mostrou como esta inversão favoreceu uma maior dependência económica e a exploração dos recursos chilenos pelas multinacionais, contribuindo assim para a perpetuação do imperialismo.
Para as nações do Sul, já não é o tempo de conquistas armadas, mas de pressões económicas e diplomáticas insidiosas que perpetuam as desigualdades e reforçam a interferência externa. Compreender estes mecanismos complexos é essencial para promover políticas económicas equitativas e democráticas, preservando assim a soberania dos povos face aos contínuos interesses imperialistas.