“IA em África: desafios e questões para um desenvolvimento harmonioso”

A inteligência artificial (IA) está a crescer a nível mundial, mas África tem dificuldades em acompanhar o ritmo, revela um estudo recente conduzido pela Qhubit Hub e pela Qhala, duas empresas quenianas especializadas em novas tecnologias. Apesar do seu potencial revolucionário, a IA enfrenta muitos obstáculos no continente africano, tais como a falta de dados, infraestruturas e investimento.

Os dados são essenciais para a eficácia da IA, mas em África a sua disponibilidade continua limitada. Por exemplo, os algoritmos atuais lutam para produzir imagens que representem casos de cuidados médicos envolvendo pessoas de cores diferentes. Esta lacuna impede que a IA progrida em áreas cruciais como a detecção precoce de cancros, especialmente na pele negra, devido à falta de dados adequados.

Além disso, o continente sofre de falta de infra-estruturas adequadas. Apenas alguns países africanos possuem centros de dados eficientes e alguns não possuem nenhum. Apenas Marrocos está equipado com computadores suficientemente potentes para explorar plenamente o potencial da IA. Além disso, os investimentos neste sector continuam a ser insuficientes em todo o continente, o que prejudica o seu desenvolvimento.

A investigadora Seydina Ndiaye alertou para os possíveis riscos de “nova colonização de África” pela IA se estes desequilíbrios não forem corrigidos. A regulamentação do setor também é uma questão importante. No Quénia, por exemplo, uma proposta de lei sobre IA e robótica suscitou debate entre os profissionais da indústria, destacando a necessidade de criar um ecossistema forte, incluindo dados fiáveis, infraestruturas adequadas e uma força de trabalho qualificada, antes de decidir sobre as medidas regulamentares a adotar.

É essencial que os governos africanos e os intervenientes no sector das novas tecnologias trabalhem em conjunto para superar estes desafios e garantir o desenvolvimento harmonioso da IA ​​no continente. É altura de investir fortemente em infra-estruturas digitais, na recolha de dados diversificada e inclusiva e na formação de talentos locais para moldar um futuro onde a IA contribua efectivamente para o progresso socioeconómico em África.

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