O gesto corajoso e empenhado do futebolista congolês Héritier Luvumbu Nzinga – celebrar um golo com o gesto de denunciar os assassinatos na RDC – suscitou admiração e polémica. Regressando a Kinshasa depois de ter sido suspenso e posteriormente demitido pelo seu clube no Ruanda, Luvumbu Nzinga é recebido como um herói pelo governo congolês.
O seu gesto, que consiste em cobrir a boca com uma das mãos e apontar dois dedos para a têmpora, foi um acto de denúncia do silêncio da comunidade internacional face à violência que assola o leste da RDC. Apesar das críticas do seu clube e da Federação Ruanda de Futebol, o jogador diz-se orgulhoso por ter feito a sua parte para chamar a atenção para este flagelo.
A atitude de Luvumbu Nzinga repercutiu positivamente no povo congolês, que o apoiou massivamente nas redes sociais. Até o As Vita Club de Kinshasa, seu antigo clube, expressou sua solidariedade e disse que estava pronto para lhe oferecer um novo contrato se ele concordasse em retornar ao time.
Embora o jogador não seja político e afirme não ter insultado ninguém, seu gesto destacou o papel do esporte na expressão do compromisso social. Seu ato nos lembra que os atletas muitas vezes têm uma voz poderosa e podem ajudar a conscientizar as massas sobre questões importantes.
Este gesto de Luvumbu Nzinga convida-nos também a reflectir sobre a responsabilidade da comunidade internacional na resolução de conflitos na RDC. Levanta a questão da inacção face à violência perpetrada no leste do país e apela à mobilização colectiva para pôr fim a estas atrocidades.
Em última análise, a história de Luvumbu Nzinga lembra-nos que o desporto é muito mais do que entretenimento. Pode ser uma plataforma que permite aos atletas fazerem ouvir a sua voz e lutarem por causas justas. Ao celebrar o seu regresso a Kinshasa como herói, o povo congolês mostra a sua gratidão a este futebolista empenhado que ousou levantar a mão para denunciar a violência que assola o seu país.