Título: Honrando a memória dos migrantes desaparecidos: um cemitério nas águas turbulentas do Drina
Introdução:
Ao longo de uma secção do rio Drina que forma uma fronteira natural entre a Bósnia e a Sérvia, lápides simples marcam os locais de descanso final de dezenas de migrantes que morreram ao tentar chegar à Europa Ocidental. Moradores da cidade bósnia de Bijeljina criaram este espaço para “preservar a dignidade” destas vítimas anónimas e assinalar a sua passagem.
Laurent renomeia com as informações coletadas:
O fenómeno começou em 2016 com incidentes esporádicos envolvendo migrantes e casos ocasionais em que corpos não identificados foram encontrados no rio. No entanto, a partir de 2018, estas tragédias aumentaram significativamente. “Provavelmente recuperamos a decomposição de 40 a 50 corpos de migrantes do lado bósnio do rio desde então”, diz Nenad Jovanovic, chefe dos serviços de busca e salvamento da cidade.
A importância de preservar a identidade:
Corpos não identificados foram inicialmente enterrados com simples marcadores de madeira, mas agora foram substituídos por lápides mais duráveis. De acordo com as leis locais, amostras de ossos são retiradas de corpos não identificados antes do enterro e devem ser guardadas por seis meses, caso um ente querido esteja procurando um membro da família desaparecido e precise de uma amostra de DNA para comparação. No entanto, o patologista Dr. Vidak Simic manteve estas amostras muito além do limite estabelecido por lei. “Todas essas pessoas estão cadastradas como pessoas não identificadas, mas todas tinham nome, primeiro nome, pais, mães, irmãos e irmãs. É por isso que faço isso”, explica.
Um apelo por um banco de dados de DNA online:
O Dr. Simic defende a criação de uma base de dados online de ADN para migrantes, pesquisável por familiares que vivem em países distantes. Ele também anota as cicatrizes ou marcas de identificação dos corpos que examina e guarda amostras de suas roupas. Ele está pronto para ajudar qualquer pessoa que procure um migrante ou refugiado desaparecido. “Não devo partilhar algumas das informações que possuo, mas faço-o mesmo assim, com a convicção de que cada corpo, cada alma, deve encontrar o caminho de regresso à sua casa, à sua cidade natal, à sua aldeia de origem”, diz – ele.
Dê aos migrantes um enterro digno:
Mario Tomic, chefe de uma empresa municipal em Bijeljina responsável pela gestão dos cemitérios públicos da cidade, supervisionou a substituição de sepulturas de madeira podres por lápides de mármore preto. “Dado que infelizmente temos um número significativo de migrantes não identificados enterrados aqui, sentimos que era importante proporcionar-lhes locais de descanso dignos, uma vez que não são diferentes de nós. ele explica.
Conclusão:
Esta iniciativa tomada pelos residentes de Bijeljina mostra compaixão e respeito pelos migrantes que perderam as suas vidas na sua busca por uma vida melhor. Também destaca a importância de preservar a identidade destas pessoas na esperança de as reconectar às suas famílias e ao seu país de origem. Estes enterros dignos são um lembrete comovente da responsabilidade que temos para com os mais vulneráveis da nossa sociedade e um apelo à empatia e à solidariedade para com aqueles que procuram refúgio e segurança num mundo em perpétuo movimento.