No centro de uma situação política tensa, o Haiti está actualmente sob o domínio de manifestações violentas que exigem a demissão do Primeiro-Ministro Ariel Henry. Os manifestantes, furiosos com o aumento da violência dos gangues, o agravamento da pobreza e a falta de um plano concreto para a realização de eleições gerais, paralisaram o país durante três dias. Diante desta crise, Ariel Henry fez um discurso matinal pedindo calma e unidade para salvar o Haiti.
Contudo, as suas palavras não foram suficientes para acalmar a ira da população haitiana. Os manifestantes continuam a exigir a saída do primeiro-ministro e dizem que manterão os protestos até que ele deixe o cargo.
Nos últimos dias, milhares de haitianos reuniram-se diariamente em diversas cidades do país para expressar o seu descontentamento. Foram erguidos bloqueios de estradas compostos por galhos de árvores, carros em ruínas e pneus em chamas, enquanto alguns manifestantes atacaram empresas e edifícios governamentais. Os confrontos entre a polícia e os manifestantes levaram ao uso de gás lacrimogêneo e munições reais.
As consequências das manifestações são múltiplas. Mais de 1.000 escolas fecharam temporariamente em todo o país, enquanto bancos, agências governamentais e empresas privadas também foram afetadas. A ajuda humanitária crítica foi reduzida devido ao caos, fazendo com que os preços dos alimentos subissem mais de 20% em algumas áreas.
Neste contexto tenso, ocorreu um incidente trágico quando a polícia matou a tiro cinco agentes armados de protecção ambiental na capital, Porto Príncipe. Este tiroteio corre o risco de agravar a crise já presente no Haiti. O antigo líder rebelde Guy Philippe, que apareceu recentemente em Porto Príncipe, criticou duramente a comunidade internacional pelo seu apoio a Ariel Henry e apelou aos responsáveis pela protecção ambiental para que tomem posição e assumam o controlo das regiões onde trabalham.
Diante desses acontecimentos dramáticos, o Escritório de Proteção ao Cidadão do Haiti condenou os assassinatos de agentes de proteção ambiental e solicitou a criação de uma comissão independente para investigar o incidente. Denunciou também ataques à liberdade de imprensa, com jornalistas baleados e feridos durante protestos e equipamentos confiscados pela polícia.
Assim, o Haiti encontra-se mergulhado numa profunda crise política, económica e social. Os haitianos exigem soluções concretas para combater a violência dos gangues, reduzir a pobreza e organizar eleições gerais. Embora as tensões permaneçam elevadas, torna-se urgente estabelecer um diálogo construtivo e encontrar soluções duradouras para trazer estabilidade e esperança a este atormentado país das Caraíbas.