Os países afectados pelos recentes golpes de Estado no Mali, Burkina Faso e Níger manifestam o desejo de abandonar a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) sem respeitar as regras de saída estabelecidas pelo bloco regional, anunciou a organização na passada quinta-feira. Numa reunião ministerial em Abuja, na Nigéria, os líderes da CEDEAO criticaram as alegações das juntas governantes dos países de que a sua decisão de abandonar o grupo é motivada por sanções impostas na sequência de golpes de Estado, em vez de apoiar os seus esforços de desenvolvimento e de paz.
Esta é a primeira vez em quase 50 anos de existência da CEDEAO que alguns dos seus membros se retiram desta forma. Analistas afirmam que se trata de um golpe sem precedentes para o grupo, que poderá minar os esforços para regressar à democracia e estabilizar a região cada vez mais frágil.
O Presidente da Comissão da CEDEAO, Omar Alieu Touray, disse aos jornalistas na reunião que a decisão “precipitada” dos países não cumpria os requisitos estabelecidos pelo protocolo da associação, incluindo um período de aviso prévio de ‘um ano antes que o processo pudesse ser finalizado.
“Mais importante ainda, os três Estados-membros não pensaram nas implicações desta decisão para os cidadãos”, disse Touray.
Além disso, os responsáveis governamentais dos países liderados por juntas rejeitaram a ideia de negociações com a CEDEAO sobre esta questão, o que reduz ainda mais as possibilidades de diálogo para resolver esta crise.
Embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Níger tenha anunciado que o país continuaria o seu plano de retirada “sem demora”, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, acusou a organização regional de parcialidade e omissão em agir noutros países onde a democracia é violada.
Esta situação reflecte a crescente instabilidade política na região, comprometendo os esforços de consolidação democrática e de desenvolvimento. A CEDEAO terá de encontrar soluções para restaurar a confiança e a unidade dentro do bloco regional e trabalhar com os países envolvidos para resolver os problemas que levaram a estes golpes de estado.