Título: A saída do Mali, do Níger e do Burkina Faso da CEDEAO: uma decisão surpreendente que levanta questões
Introdução :
Em 28 de Janeiro, o Mali, o Níger e o Burkina Faso anunciaram a sua retirada da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Esta decisão inesperada apanhou de surpresa tanto os cidadãos destes países como os observadores internacionais. Levanta muitas questões sobre suas motivações e consequências. Neste artigo analisaremos as razões desta retirada repentina e as preocupações que ela suscita.
1. Uma decisão tomada sem debate público:
Um dos elementos mais marcantes desta decisão é a completa ausência de debate público sobre a mesma. Mesmo dentro do Conselho Nacional de Transição do Mali, o órgão legislativo provisório, não ocorreram quaisquer intercâmbios. Alguns políticos acreditam que isto reflecte um processo de tomada de decisão realizado em pequenos grupos, sem a preparação necessária.
2. Falta de medidas de apoio:
Durante uma reunião com os operadores económicos, o Primeiro-Ministro do Mali não apresentou quaisquer medidas de apoio na sequência desta saída da CEDEAO. Esta falta de medidas concretas deixa os líderes empresariais incertos sobre as consequências económicas desta decisão. Os empregadores malianos expressam assim preocupações legítimas sobre o futuro das suas actividades.
3. Inconsistências e aproximações:
Alguns opositores também levantam inconsistências nas justificações apresentadas para esta saída da CEDEAO. Por exemplo, a saída anunciada com “efeito imediato” não respeita o aviso prévio de um ano previsto na regulamentação comunitária. Além disso, os líderes da Transição evocam as sanções da CEDEAO e a sua suposta manipulação por parte da França, mas, no entanto, mantêm a sua adesão à União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), que também implementou estas sanções.
4. As verdadeiras motivações:
De acordo com várias figuras políticas da oposição, esta retirada da CEDEAO seria motivada pelo desejo dos militares no poder de se libertarem de quaisquer restrições ao calendário eleitoral e de permanecerem no poder. Esta hipótese levanta preocupações sobre o futuro da democracia no Mali e nos outros países envolvidos.
Conclusão:
A saída do Mali, do Níger e do Burkina Faso da CEDEAO é uma decisão surpreendente que levanta muitas questões. A sua falta de transparência, a ausência de medidas de acompanhamento e as inconsistências nas justificações apresentadas suscitam preocupações sobre as suas reais motivações e as suas consequências. É crucial acompanhar de perto a evolução nestes países e compreender as questões políticas e económicas subjacentes a esta decisão.