“Anistia para líderes separatistas catalães rejeitada pela câmara baixa do Parlamento espanhol”
O projeto de anistia para os separatistas catalães apresentado pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, foi rejeitado pela câmara baixa do Parlamento espanhol na terça-feira. Esta decisão sublinha a fragilidade do governo de Sánchez, que foi renovado há apenas dois meses e meio.
Um ponto surpreendente é que o partido pró-independência Junts per Catalunya, liderado por Carles Puigdemont, votou contra o projecto de lei. Consideram que o texto não garante a aplicação da amnistia ao seu líder, que é a principal figura na tentativa de secessão da Catalunha em 2017.
Esta rejeição em primeira leitura não significa o fim do texto, que terá de regressar à comissão parlamentar onde poderá ser modificado. No entanto, destaca a pressão constante exercida por Junts sobre o governo, que fica privado de maioria sem o seu apoio.
Perante este resultado inesperado, o Ministro da Justiça manifestou a sua incompreensão relativamente ao voto de Junts contra um projecto de lei que eles próprios negociaram. Ele também apelou ao partido catalão para reconsiderar a sua posição.
Desde o início, a amnistia para os separatistas catalães tem sido motivo de profunda divisão na sociedade espanhola. A oposição de direita, liderada por Alberto Nuñez Feijoo, organizou mesmo uma manifestação com 45 mil participantes para manifestar a sua oposição a esta medida.
Também é importante salientar que Junts utilizou o tão necessário apoio ao governo de Sánchez para pressionar os socialistas. Solicitaram que fossem aprovadas alterações para contrariar as ações judiciais destinadas a impedir a aplicação da anistia a Carles Puigdemont. Os socialistas recusaram este pedido, levando Junts a votar contra o projeto.
Se o Parlamento finalmente aprovar o texto, centenas de activistas e líderes separatistas poderão escapar a processos judiciais ligados à tentativa de secessão da Catalunha em 2017, incluindo Carles Puigdemont, que actualmente vive na Bélgica para evitar processos.
Esta situação realça as tensões e divisões em curso em Espanha em torno da questão da independência catalã. O governo de Sanchez terá de encontrar um equilíbrio delicado na forma como lida com esta situação para manter a estabilidade política do país.