Nelson Chamisa fez recentemente um anúncio surpreendente: depois de dois anos à frente da Coligação dos Cidadãos para a Mudança, decidiu deixar o partido da oposição. Esta decisão provocou fortes reacções e alimentou discussões políticas no Zimbabué.
Em comunicado oficial, Chamisa disse: “Informo que, a partir de agora, não tenho mais nada a ver com o CCC”. Acrescentou que o seu único objectivo era concentrar-se no Zimbabué, continuar a luta pela vitória do povo e responder ao apelo de Deus para fornecer uma liderança forte.
Esta decisão apanhou de surpresa muitos observadores políticos, uma vez que Nelson Chamisa era considerado um dos principais actores da oposição ao regime em vigor. Jovem e carismático, foi muitas vezes apelidado de “Mukomana” (o jovem), em contraste com a classe dominante do Zimbabué, composta maioritariamente por octogenários.
Advogado treinado e pastor de igreja, Chamisa foi frequentemente preso por suas atividades políticas. Em 2007, ele foi violentamente atacado e dado como morto. A sua hospitalização durante cinco dias provocou condenação internacional e a acção foi atribuída a membros do partido no poder.
Em 2021, ele também escapou de uma tentativa de assassinato quando tiros foram disparados contra seu comboio. Uma bala atravessou o banco traseiro esquerdo de seu carro, onde ele costuma sentar.
Num documento de treze páginas que explica a sua decisão, Chamisa apresenta vários motivos. Menciona em particular diferenças estratégicas dentro do partido, bem como pressões e ameaças exercidas sobre a sua pessoa. Resta saber qual o impacto que esta saída terá no futuro político do Zimbabué e na coligação da oposição.
Nelson Chamisa sempre foi um actor-chave na política do Zimbabué e a sua saída do CCC é um acontecimento significativo. Os próximos meses serão cruciais para determinar quais serão as suas próximas acções e qual será o futuro da oposição no Zimbabué.