“Candidato-prisioneiro: a candidatura de Bassirou Diomaye Faye às eleições presidenciais do Senegal levanta questões e grande agitação política”

As eleições presidenciais do Senegal estão a causar grande turbulência política com a controversa candidatura de Bassirou Diomaye Faye, que concorre como substituto do opositor preso Ousmane Sonko. Preso desde Abril passado por acusações de “desrespeito ao tribunal” e “difamação”, Faye conseguiu que a sua candidatura fosse validada pelo Conselho Constitucional. Esta situação sem precedentes de um “candidato-prisioneiro” levanta muitas questões sobre a sua capacidade de liderar uma campanha política eficaz a partir da sua cela.

Bassirou Diomaye Faye, antigo inspector fiscal e co-fundador do partido Pastef, é considerado próximo de Ousmane Sonko, partilhando o seu discurso anti-sistema e conservador. A sua formação semelhante e o apoio da base do partido fazem dele o candidato mais legítimo para substituir Sonko. No entanto, a sua popularidade está longe de atingir a do carismático oponente preso, e a sua derrota nas eleições locais de 2022 na sua comuna de Ziguinchor evidencia a sua falta de base eleitoral.

Além disso, coloca-se a questão da viabilidade da sua campanha eleitoral, dado que também se encontra atrás das grades. A lei não prevê disposições específicas para candidatos na sua situação, podendo ele ser obrigado a realizar a sua campanha a partir da sua cela, a menos que haja uma decisão excepcional do Presidente da República que lhe permita sair temporariamente.

Esta situação realça as tensões políticas e jurídicas em torno das eleições presidenciais no Senegal. Os apoiantes de Ousmane Sonko, embora desencantados com a sua exclusão da corrida, procuram manter a sua candidatura apoiando Bassirou Diomaye Faye. O seu apelo é a uma união sagrada da oposição e à designação de um órgão independente para organizar as eleições, mas acima de tudo para votar a favor de Faye, representando assim indirectamente Sonko.

O resultado desta eleição presidencial permanece incerto, com um candidato preso a tentar manter a sua presença na cena política através de um substituto. A atenção está agora centrada na capacidade de Bassirou Diomaye Faye de conduzir uma campanha eficaz, apesar das limitações impostas pela sua detenção, e no impacto da mobilização dos apoiantes de Sonko no resultado final. Uma coisa é certa, estas eleições revelam as tensões políticas e judiciais que estão subjacentes à cena política senegalesa e prometem ser um momento chave para o futuro do país.

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