Título: “A luta contra o aquecimento global: uma batalha perdida?”
Introdução :
Durante vários anos, a luta contra o aquecimento global foi simbolizada por um número: 1,5 graus Celsius. Este objetivo, definido durante o acordo de Paris em 2015, visa limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius em comparação com os níveis pré-industriais. Porém, alguns cientistas acreditam que esse limite já foi ultrapassado e que a realidade deve ser exposta sem rodeios. Outros cientistas, pelo contrário, consideram esta visão pessimista e até “perigosa”. Então, será que a batalha para manter o aquecimento global abaixo deste limiar crítico já está perdida?
O debate científico:
O cientista James Hansen, a quem se atribui o primeiro alerta sobre as alterações climáticas na década de 1980, disse que a meta de 1,5 graus estava “morta e enterrada”. Segundo ele, o ritmo do aquecimento global está se acelerando e inevitavelmente ultrapassaremos 1,5 graus. No entanto, outros cientistas refutam estas afirmações. Michael Mann, um importante especialista em clima, diz que não se trata de uma questão de física, mas de políticas. Friederike Otto, uma cientista climática, chama mesmo os comentários de Hansen de “estúpidos”, enfatizando que a meta de 1,5 graus ainda é alcançável e que negar esta possibilidade apenas atrasará as ações necessárias.
As consequências já visíveis:
O aquecimento global está a causar fenómenos climáticos extremos, como ondas de calor, ciclones e até severas tempestades de inverno. Em 2023, um ano marcado por temperaturas recordes, chegámos perigosamente perto de 1,5 graus. Embora os cientistas estejam mais interessados nas tendências de longo prazo, este evento de calor extremo é um sinal de alerta. Quando o aquecimento excede 1,5 graus a longo prazo, as consequências das alterações climáticas tornam-se incontroláveis para os seres humanos e para os ecossistemas.
A velocidade das mudanças climáticas:
James Hansen insiste que o planeta está a aquecer muito mais rapidamente do que o esperado. Destaca o desequilíbrio entre a energia solar absorvida e o calor emitido para o espaço, que duplicou nos últimos anos. Esta aceleração é atribuída principalmente aos esforços globais para reduzir a poluição proveniente do transporte marítimo. Segundo ele, até maio o planeta terá vivido um período de 12 meses com temperatura média 1,6 a 1,7 graus superior aos níveis pré-industriais. Ele acredita, portanto, que o limite de 1,5 graus será uma mera lembrança no espelho retrovisor.
Conclusão:
Se a luta contra o aquecimento global é uma batalha perdida continua a ser debatida. Enquanto alguns cientistas como Hansen argumentam que já ultrapassamos o limiar de 1,5 graus e que é altura de tomar medidas drásticas, outros insistem que o objectivo ainda é alcançável e que as acções políticas devem ser intensificadas. Seja como for, é inegável que as consequências do aquecimento global já são visíveis e que existe uma necessidade urgente de agir para limitar os danos.