“A controversa nomeação de Mukhtar Babayev como presidente da COP29 levanta preocupações sobre a sua independência da indústria petrolífera”

Retrato de Mukhtar Babayev: o novo rosto da presidência da COP29

A nomeação de Mukhtar Babayev como presidente da COP29 em Baku levantou sérias preocupações entre as ONG envolvidas na luta contra o aquecimento global. Na verdade, este político do Azerbaijão, pouco conhecido do público em geral, passou dezasseis anos da sua carreira na indústria petrolífera nacional, o que levanta questões sobre um potencial conflito de interesses.

Aos 56 anos, Mukhtar Babayev seguiu os passos do seu antecessor, Sultan al-Jaber, que presidiu a COP28 como chefe da empresa petrolífera dos Emirados Adnoc. Embora os presidentes da COP não tenham um papel de tomada de decisões, desempenham um papel essencial na orientação das negociações e na obtenção de compromissos. É, portanto, preocupante constatar que, pela segunda vez consecutiva, um homem da indústria petrolífera é nomeado para esta posição-chave.

Esta nomeação provocou reações contraditórias entre os envolvidos na transição energética. Enquanto alguns apelam a Mukhtar Babayev para que faça do financiamento da transição energética nos países em desenvolvimento uma prioridade da COP29, outros manifestam preocupação com a capacidade do presidente designado para defender medidas ousadas para combater as alterações climáticas.

Poucas informações estão disponíveis sobre Mukhtar Babayev fora de sua experiência profissional. Antes de entrar na indústria petrolífera, estudou em Moscou e trabalhou em várias administrações do Azerbaijão. A sua carreira política começou em 2010, quando foi eleito deputado sob as cores do Partido do Novo Azerbaijão, liderado pelo presidente autocrático Ilham Aliyev. Em 2018, tornou-se Ministro da Ecologia do seu país.

Dado que o Azerbaijão é fortemente dependente dos hidrocarbonetos, sendo o gás a principal fonte de exportações para a Europa, a realização da COP29 em Baku faz lembrar a COP28 organizada nos Emirados Árabes Unidos. Os críticos levantam, portanto, o risco de um potencial conflito de interesses para Mukhtar Babayev, que passou grande parte da sua carreira na indústria petrolífera do Azerbaijão.

Embora a questão da transição energética e da redução das emissões de gases com efeito de estufa ocupe um lugar central nas negociações internacionais, é essencial que a presidência da COP29 seja exercida por uma pessoa empenhada e independente dos interesses petrolíferos. A nomeação de Mukhtar Babayev levanta assim questões sobre a capacidade da conferência para tomar decisões ambiciosas no combate às alterações climáticas.

É agora essencial acompanhar de perto a ação de Mukhtar Babayev à frente da COP29 e continuar a pressionar por medidas concretas e ousadas a favor da transição energética. As ONG e a sociedade civil desempenharão um papel crucial no acompanhamento desta presidência e na promoção de uma ação climática ambiciosa e equitativa.

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