“Financiamento climático: a importância da transparência e da eficiência para apoiar os países em desenvolvimento”

A importância da transparência e da eficiência no financiamento climático

À medida que a conferência climática da ONU deste ano, COP28, tem lugar no Dubai, surge uma questão crucial: como garantir uma distribuição equitativa e eficiente do financiamento climático aos países em desenvolvimento?

De forma encorajadora, os países ricos e a União Europeia anunciaram recentemente uma contribuição de 420 milhões de dólares para criar um fundo de “perdas e danos”. Este fundo, proposto na COP27 do ano passado, visa ajudar os países em desenvolvimento a lidar com as consequências das alterações climáticas. No entanto, resta saber como esse dinheiro será utilizado e se chegará realmente aos países que mais precisam dele.

Infelizmente, a história recente do financiamento climático suscita preocupações. Uma análise recente do financiamento do Reino Unido para África revela que quase dois terços deste dinheiro beneficiaram empresas e organizações sediadas em países desenvolvidos. Além disso, uma grande parte destes fundos foi atribuída a empresas de consultoria norte-americanas e europeias, e não a ONG internacionais com experiência mais sólida no terreno.

Esta tendência é preocupante porque não só estas consultorias são muitas vezes mais caras, mas também podem negligenciar o conhecimento local e adoptar uma abordagem padronizada que não tem em conta os contextos específicos dos países em desenvolvimento.

Outra questão crucial é a da definição de financiamento climático. Por vezes é difícil distinguir o que está verdadeiramente relacionado com o clima daquilo que é considerado ajuda tradicional. Por exemplo, as agências das Nações Unidas e outras instituições multilaterais receberam uma parte significativa do financiamento climático do Reino Unido para África, mas os seus projectos financiados têm sido frequentemente periféricos à questão climática.

É, portanto, essencial melhorar a transparência e a responsabilização na atribuição e utilização do financiamento climático. Os países em desenvolvimento manifestaram-se contrários à ideia de confiar a gestão deste novo fundo ao Banco Mundial, temendo que a instituição possa manipular os números para dar a impressão de que os países desenvolvidos estão a fazer a sua parte, enquanto o dinheiro nem sempre chegar a quem mais precisa.

É necessário implementar mecanismos rigorosos de monitorização e avaliação para garantir que o financiamento climático seja verdadeiramente utilizado para ações concretas de combate às alterações climáticas nos países em desenvolvimento. Isto implica também reforçar a participação e a autonomia dos países beneficiários na gestão destes fundos..

Em última análise, a comunidade internacional deve comprometer-se a garantir que o financiamento climático seja utilizado de forma eficaz e transparente e que satisfaça as necessidades reais dos países em desenvolvimento. Isto reforçará a sua resiliência às alterações climáticas e promoverá uma transição para uma economia mais sustentável e respeitadora do ambiente.

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