Henry Kissinger, uma das figuras mais notáveis da diplomacia americana, morreu aos 100 anos. Ex-secretário de Estado sob as presidências de Richard Nixon e Gerald Ford, desempenhou um papel fundamental em muitos eventos importantes da história política mundial.
Durante a Guerra Fria, Kissinger foi um ator central nas negociações e nas aproximações diplomáticas entre os Estados Unidos e as grandes potências da época, nomeadamente a União Soviética e a China. O seu papel na abertura de relações com a China de Mao Zedong em 1972 é particularmente notável. Esta visita histórica marcou um ponto de viragem nas relações sino-americanas e ajudou a aliviar as tensões entre as duas superpotências.
No entanto, apesar dos seus sucessos diplomáticos, Henry Kissinger também foi criticado pelo seu papel em acontecimentos controversos. O seu apoio ao golpe de Estado de 1973 no Chile, que derrubou o governo democraticamente eleito de Salvador Allende, e o seu envolvimento na invasão de Timor-Leste em 1975 suscitaram fortes reacções e acusações de cumplicidade nos abusos dos direitos do homem.
Mas é sobretudo o seu papel durante a Guerra do Vietname que divide a opinião pública. Kissinger foi o arquitecto da política americana de bombardeamentos massivos e de negociações secretas destinadas a pôr fim ao conflito. Embora tenha ajudado a assinar os Acordos de Paz de Paris em 1973, continua a ser uma figura controversa, criticado pelas enormes baixas civis causadas pelos bombardeamentos e pela sua participação numa guerra considerada injusta por muitos americanos.
Apesar destas controvérsias, Kissinger foi amplamente reconhecido pela sua experiência e inteligência estratégica. Foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 1973 pelos seus esforços para acabar com a Guerra do Vietname, embora o gesto tenha sido criticado por muitos pacifistas que consideraram que as negociações não foram suficientemente abrangentes.
Com a morte de Henry Kissinger, uma página da história vira. O seu legado permanece complexo, mas deixa inegavelmente uma marca duradoura na política externa americana e global. Sua morte provocou reações contrastantes, entre homenagens à sua carreira diplomática e críticas ao seu papel em acontecimentos polêmicos. Independentemente disso, é inegável que Henry Kissinger foi uma figura essencial na cena política internacional durante várias décadas.