O caso do assassinato de Agnes Wanjiru, que abalou o Quénia em 2012, está finalmente a assistir a desenvolvimentos jurídicos. Uma primeira audiência teve lugar em 29 de novembro de 2023, no tribunal de Milimani, em Nairobi, destacando as zonas cinzentas que cercam este crime horrível.
Agnes Wanjiru, uma mulher de 21 anos, foi encontrada morta na fossa séptica de um hotel em Nyanyuki, cidade localizada no centro do país. Ela foi vista pela última vez com um soldado britânico perto do campo de treinamento de Nyanyuki, no Reino Unido. Apesar de uma investigação lançada em 2019, os detalhes deste trágico caso nunca foram tornados públicos.
Contudo, dois anos depois, vários testemunhos de soldados britânicos foram publicados pelo semanário The Sunday Times, relatando confissões do principal suspeito. Esta revelação relançou a investigação e levou à abertura do julgamento no Quénia.
No entanto, o procedimento legal encontra obstáculos significativos. Dos dez réus originais, apenas dois forneceram os documentos exigidos pelo tribunal até o momento. O exército britânico, por seu lado, acredita que ela não deveria ser julgada no Quénia, levantando assim a questão de saber onde o crime foi realmente cometido.
Os advogados da família de Agnes Wanjiru expressam decepção com os esforços do Ministério Público para evitar levar os réus a tribunal. Continuam a exigir que seja feita justiça e acreditam que os tribunais quenianos são perfeitamente capazes de realizar este julgamento.
O juiz concedeu às partes processadas sete dias para cumprir as ordens judiciais. No entanto, a sobrinha da vítima, Esther Njiko, denuncia a má-fé das autoridades e a manipulação de que a família é vítima devido à sua precária situação económica.
O caso do assassinato de Agnes Wanjiru foi adiado para 21 de maio. Os advogados do exército britânico no Quénia ainda não responderam aos pedidos da RFI.
Este caso destaca as dificuldades que as vítimas e as suas famílias enfrentam na obtenção de justiça quando irregularidades envolvem funcionários governamentais ou representantes de outros países. Espera-se que o julgamento estabeleça a verdade sobre a morte de Agnes Wanjiru e finalmente traga justiça à sua família.