O antigo presidente da Mauritânia, Mohamed Ould Abdel Aziz, está a ser julgado há nove meses, juntamente com cerca de dez co-réus, por diversas acusações, incluindo enriquecimento ilícito e abuso de poder. Embora os advogados das partes cíveis e da defesa já tenham apresentado as suas alegações, cabe agora aos arguidos fazerem as suas declarações finais. E foi o próprio ex-presidente quem surpreendeu ao lançar novas acusações.
Segundo Mohamed Ould Abdel Aziz, parte da sua fortuna não declarada provém de doações que recebeu do atual presidente mauritano, Mohamed Ould Ghazouani, logo após a sua tomada de posse. Esta declaração inesperada suscitou fortes reações, especialmente porque o antigo chefe de Estado é acusado de ter acumulado uma imensa fortuna através de atividades comerciais ilegais durante o seu mandato.
Desde o início do julgamento, Mohamed Ould Abdel Aziz sempre negou estas acusações, alegando ter respeitado as prerrogativas da Constituição em todas as suas ações. Invocou também o artigo 93.º da Constituição, que diz respeito à imunidade presidencial, para denunciar os ataques à Constituição de que é vítima. Ele afirma que todas as vendas de bens públicos e terrenos públicos de que é acusado foram feitas com total transparência.
No entanto, este argumento não parece convincente aos olhos de muitos observadores. Os advogados do partido civil contestam o argumento da imunidade presidencial, argumentando que os factos alegados podem ser dissociados da sua função presidencial e que, portanto, poderá ser julgado pelos seus actos uma vez terminado o seu mandato. Além disso, destacam que o ex-presidente foi evasivo em relação às acusações de venda ilegal de bens públicos e criação de empresas comerciais durante seu mandato.
Nos próximos dias, os co-réus de Mohamed Ould Abdel Aziz também terão de tomar posição para as suas declarações finais antes de o tribunal deliberar e proferir a sua decisão final.
Este julgamento continua a suscitar grande interesse na Mauritânia, onde muitas pessoas aguardam impacientemente o resultado deste caso, que poderá marcar um ponto de viragem na luta contra a corrupção e a impunidade no país.