“Liberdade de expressão em jogo na campanha do referendo no Chade: tensões entre a oposição e Hama”

No Chade, a Alta Autoridade para a Comunicação Social Audiovisual (Hama) publicou recentemente uma série de textos com o objectivo de regulamentar a campanha tendo em vista o referendo constitucional agendado para 17 de Dezembro. Estas regras regem, em particular, o discurso dos partidos políticos e dos grupos políticos, sem, no entanto, especificar a distribuição do tempo de antena entre os partidários do “sim” e os do “não”.

No entanto, a Federação da Oposição Credível (FOC) criticou fortemente certas disposições destes textos, em particular os artigos 8.º e 18.º da decisão Hama n.º 038. Segundo esta oposição, estes artigos não garantem um debate democrático equilibrado, o que é refutado pelo partido do falecido Presidente Idriss Deby Itno, o MPS.

O artigo 8º da decisão de Hama estipula que as entrevistas na rádio e na televisão devem ser realizadas na presença de um representante da autoridade reguladora, enquanto o artigo 18º confere a esta última o poder de suspender a campanha, a transmissão de um programa, a distribuição de um jornal ou até mesmo para retirar um artigo. Estes dois artigos provocaram uma forte reação da oposição.

A FOC acusa Hama de reforçar a ditadura da junta em vigor e afirma que estas disposições limitam a liberdade de expressão dos partidos políticos da oposição. Por sua vez, Jean Bernard Padaré, deputado do MPS, acredita que esta carta serve para todos os partidos e declara que a oposição simplesmente não tem medo de perder.

A FOC anunciou a organização de uma reunião no dia 10 de Dezembro em Ndjamena, bem como uma marcha pacífica nos próximos dias para apelar ao boicote ao referendo constitucional. Entretanto, a distribuição de cartões de eleitor começou em todo o país.

É importante sublinhar que esta situação realça as questões da liberdade de expressão e do debate democrático no Chade. As tensões entre Hama e a oposição credível revelam os receios desta última quanto a uma limitação dos seus direitos e a uma possível monopolização do tempo de antena por parte dos apoiantes do poder no poder.

A realização do referendo constitucional é de vital importância para o futuro político do Chade, uma vez que poderá alterar profundamente a estrutura do governo e os poderes do presidente. É, portanto, essencial garantir que o processo eleitoral decorra num clima de transparência e respeito pelos direitos democráticos, garantindo ao mesmo tempo a pluralidade de votos e a liberdade de expressão de todos os intervenientes políticos.

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