“O testemunho chocante do Coronel Sanoh revela novos detalhes no julgamento do massacre do estádio de Conakry em 2009”

O julgamento do massacre do estádio de Conacri, em 2009, continua a trazer novos elementos, com o aparecimento do então chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Coronel Oumar Sanoh. Seu depoimento despertou grande expectativa, revelando detalhes importantes sobre a repressão brutal que ocorreu durante o comício da oposição em 28 de setembro, causando a morte de mais de 150 pessoas.

O Coronel Sanoh disse que ordenou que os soldados permanecessem em seus quartéis naquele dia. Afirma ainda que tem contactado regularmente o chefe do Estado-Maior para saber sobre a situação nos acampamentos militares e, segundo ele, não saiu nenhuma tropa. No entanto, admitiu ter recebido uma chamada de uma mulher que se identificou como funcionária da Cruz Vermelha Guineense, informando-o da situação caótica no estádio e pedindo ajuda na obtenção de ambulâncias.

Diante desse pedido, o Coronel Sanoh enviou caminhões militares para transportar os corpos dos manifestantes mortos até o estádio. Ele disse que 155 corpos foram transportados para o necrotério nesses caminhões. No entanto, esta revelação levanta uma questão perturbadora: para onde foram os outros corpos?

O coronel Sanoh disse ainda que se encontrou com o então presidente, Moussa Dadis Camara, na noite do massacre. Segundo seu depoimento, o presidente acusou seus homens de tê-lo traído ao impedi-lo de sair para acalmar a situação. Estas declarações deixaram perplexos os advogados das vítimas, pois segundo eles o chefe de gabinete foi cúmplice na ocultação dos corpos.

Na verdade, a junta no poder na altura devolveu 54 corpos às famílias durante uma cerimónia na Grande Mesquita de Conacri. O desaparecimento dos outros 100 corpos continua, portanto, a ser um enigma doloroso para as famílias das vítimas.

Este julgamento é crucial para a busca da justiça e da verdade sobre este massacre que marcou a história da Guiné. No entanto, para muitas famílias, o luto não pode ser feito até que os corpos desaparecidos sejam encontrados e devolvidos aos seus entes queridos.

É essencial que a justiça traga à luz toda a verdade sobre estes trágicos acontecimentos e que os responsáveis ​​por este massacre sejam responsabilizados pelos seus actos. Só a verdadeira justiça pode acalmar os corações feridos das famílias das vítimas e permitir que a Guiné se volte para um futuro melhor.

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